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As vozes da experiência pedem equilíbrio para se ter uma mínima esperança

Bacha, Cristóvam e Rigotto: as lições deixadas no seminário promovido pelo Cine PE

Por que economistas e políticos experientes estão na programação de um festival de cinema? Essa foi uma pergunta instigante que me foi dirigida por um hóspede, no hotel que serve de base ao Cine PE.

Essa pouca percepção do que seja a real grandeza econômica da atividade cultural é a melhor expressão do que seja, no conjunto da obra, uma visão em 4D da Cultura: desconhecimento conceitual, desinformação sistemática, desleixo público e destruição proposital. A decisão de por a economia na rota dos debates foi antecipada àquela e outras reações, justo para permitir reflexões em cima de tais comportamentos.

Contar para isso com o respaldo intelectual e a experiência de Germano Rigotto, Edmar Bacha e Cristóvam Buarque, foi uma conquista e tanto. A lamentar a ausência de mais formadores de opinião, que perderam uma rara oportunidade de prestigiar a importância dos nomes e, por conseguinte, absorverem uma  exemplar demonstração de conhecimento da realidade brasileira.

Diante da dimensão do que foi debatido, no meu entender, a esse tal mundo 4D, pelo qual já vinha passando o setor cultural, agregou-se um esforço de criminalização dos seus agentes, resultante de uma campanha sórdida e mentirosa. Um quadro de exercício de intolerância por puro desdém ao papel de um setor de significância econômica. 

Além dessa recuperação da imagem que aqui retrato, o desafio ainda parece maior, ao ampliar o raio de visão  do olhar econômico. Em primeiro, pelas dúvidas com relação ao comportamento da economia, sobretudo, diante das questões fiscais, dos preços gerais e do ambiente de instabilidade que está sinalizado pelo quadro externo. Seria o ponto de interrogação deixado no ar pelo Prof. Bacha. Em segundo, pela oportunidade de se inserir a cultura como um dos eixos da discussão sobre desenvolvimento econômico. Algo essencial, mas que, no curto prazo, diante de questões industriais e comerciais esquecidas ou desperdiçadas, no trato político junto ao Congresso. Como bem destacouo ex-governador Germano Rigotto. 

Mesmo com esse nivel de preocupações, baseado num cenário político e econômico de grandes dificuldades, compartilho com a esperança. E coube ao ex-ministro Cristóvam sustentar a tese de que, a cultura é quem pode representar o ofício de um novo dínamo. Que a política e a economia caibam numa revisão de ideias, que fortaleçam os valores da inovação e do conhecimento. Isso diante de um outro modo de olhar para a educação.

De fato, o país carece de mais festivais. E que se respeite a pluralidade de ideias com equilíbrio. Que haja esperança nisso.

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