Bem-vindos ao Real BBB: Brasil, Bizarro e Bombástico.
A Arte Nacional da Sobrevivência entre Atentados e Tragédias
Num decêndio em Floripa para relax, mas sem perder de vista as pautas desta coluna, tive que me abster por uma virose orgânica que ainda está por contagiar a população daquela Ilha. Pior que esse incômodo, só mesmo uma outra virose, que consumida pela patologia crônica da "narcose digital", tem dado sentido ao Brasil bizarro das bombas. É um outro BBB, em imagens e construções políticas e sociais para lá de bisonhas. Sigamos esse rito no "país do B".
Os últimos acontecimentos que explicam o "reality show" dos estúpidos atos terroristas parecem derreter as últimas gotas de sonhos dos democratas mais inseguros. Tudo que teria a dizer em nome da frágil democracia, dos seus pilares institucionais e das reações às negações e conspirações de um "fascismo algoritimizado", já foi bem dissipado. Embora já não queira mais ceder espaços para essas narrativas esdrúxulas, não há como se surpreender pelo estrago dessa outra virose. E como é duro ter que contar a respeito desse tema com o suporte cognitivo de quem menos vc espera, de pessoas do próprio "ecossistema".
Querem um exemplo, nessa linha do bombástico e até do que representa como atentado à cognição? Direto na resposta: alguns dignos representantes dos ofícios da Av. Faria Lima. Instalados ou dela dependentes. A abstração do que sejam os mercados que lá se localizam, revela seus momentos de fama. Claro que representam também um "reality show" por considerar. Nesse sentido, cabe-me referenciá-los nos seus contrastes, justo neste momento em que o país exala instabilidade e insegurança.
Neste aspecto, indiferente do contexto inicial de um governo, cujo líder maior ainda não ajustou seu discurso econômico, causam espanto opiniões de executivos financeiros e analistas de plantão (agora também coachs e/ou influencers), que procuram minimizar os efeitos das insistentes ameaças aos pilares democráticos. É bizarro crer que muitos não têm noção do quanto o risco político poderá afetar nas decisões de investimento de empresas ou tomada de empréstimos junto a agências multilaterais. Parece-me confirmar que a soberba do superficial é mesmo o melhor sinal da suficiência cognitiva ditada pelas redes sociais. Até mesmo quando uma questão seríssima e de impacto estrutural na operação dos mercados, tal e qual a "bomba" detonada pela crise das "Americanas", impõe-se um trato mais embasado e equilibrado. Nesse ecossistema tão especializado, ouso dizer que sinto falta de mais consistência e amplitude entre os líderes. Seja na dimensão econômica, como na perspectiva do que se projeta para o mundo.
Ademais, fora dessa visão estreita da natureza dos "mercados", sobressai-se um individualismo exacerbado, onde o sentido do que seja público parece algo abjeto. Minimizar a destruição dos atos terroristas com todos os crime ao patrimônio cultural, penso que seja o efeito demonstração mais recente do teor nevrálgico da baixa humanização que cerca as relações atuais.
Enquanto os desígnios republicanos seguem por desarmar bombas e tolerar atentados à sua essência democrática, a tragédia anunciada parece não desgrudar da programação do "reality show" que se expressa a partir da grande maioria que forma nossa pirâmide social. De fato, as cenas mais recentes do quadro de fome foram agora tristemente vistas nas terras yanomamis, desprotegidas da intervenção pública. E até Floripa, um exemplo de capital instalada no Brasil desenvolvido, também fraquejou, particularmente, numa política pública de saneamento básico.
As viroses sustentam as cenas da tragédia social. Num esforço de sobrevida entre distintos atentados e bombas, bem-vindos ao mundo real do BBB.