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Coisas de cinema que se traduzem nos melhores efeitos econômicos - Parte 1

Do movimento à realidade vitual: a Indústria Criativa revela a face de outra economia

Cinema - Agência Brasil

Por mais que o mundo tenha revelado o quanto suas economias têm dependido da chamada "indústria criativa", ainda há exercícios de resiliência e/ou ignorância, aqui e acolá, espalhados por aí. Uma boa parte da sociedade não tem noção dessa grandeza e ignora o alcance e sucesso econômico do setor. No entanto, o pior se dá quando governantes, sob o escudo de uma falsa ética cultural, mira num certo empreendedorismo, que é visto apenas pelas lentes privatistas, sem uma mínima proteção do Estado. Nesse embalo geral de "ortodoxia nas veias", com relação aos valores econômicos das distintas produções culturais, tais posturas só servem para contribuir com o falho objeto da insolvência dessas atividades. Justo elas que, pela essência humana de promover a arte pela criatividade, ajudam hoje a mover as economias. Para constatar essa nova dinâmica, basta uma simples pesquisa que busque quem são alguns dos grandes negócios e seus empreendedores.

De fato, por três razões básicas e bem articuladas, enganam-se os que apostam na opção do caos setorial, que aqui dou conhecimento pleno: 1) os rigores de uma realidade que chamo de 3D e que consagra o discurso anti-econômico; 2) as reações que desconsideram o sentido soberano do valor inestimável da identidade nacional; e 3) as incríveis tolerâncias que atuam a favor de interesses que perpetuam uma hegemonia nas atividades do setor.

Sobre os rigores de uma realidade 3D absurda, que tanto já destaquei neste espaço e noutros que contei com igual oportunidade, somam-se as "três letrinhas" que dão substância à situação: desconhecimento, desinformação e desinteresse. Exemplo? A economia criativa, bem expressa pelo tamanho do audiovisual (cinemas, TVs e streamings), pode ser encarada como a principal referência de desconhecimento da sociedade sobre o valor econômico. Não cabe aqui apenas reafirmar a dimensão e a diversidade da cadeia produtiva desse setor, enquanto gerador de empregos e rendas. Para quem a tem em conta, faz uso dela como expressão econômica e a exerce como poder hegemônico, destaco aqui algo que gira cerca de US$ 15 bilhões/ano. Um registro real de exportações que, na sua balança comercial com o resto do mundo, traduz-se num histórico e permanente superavit.

Evidente que me refiro aos EUA, que através da linha do tempo dessas relações comercias tão próprias, souberam fazer desse ofício uma extensão do que foi convencionado como o "american way of life". No mundo atual, tem sido evidente para os analistas mais perpicazes que, aos feitos dos estúdios de Hollywood, foram agregadas as chamadas "big techs". Agora, todos juntos e estabelecidos sob a égide de um modelo sólido de conglomerados de mídia.

Por si só e diante de tamanha expressão de negócios, não seria impertinente o esforço dessa indústria poderosa em firmar sua hegemonia , pelo resto do mundo. Como um mero exercício pacifico de guerra, que em vez de mobilizar chumbo nas armas, utiliza-se de uma certa "massa cinzenta" como instrumento de pressão. Nada mais cerebral como referência para as desejadas conquistas. É justamente nessa essência tão sutil, que a validação de um esforço reativo de soberania precisa ser considerado. Nao pelas explosões de armas de chumbo. Simplesmente, agindo-se com os mesmos recursos cerebrais. É nesse aspecto que se enaltece a defesa da identidade cultural de qualquer território. Esse valor precisa ser visto como estratégico, se o sentido de fortalecer uma nação seja mesmo um item estratégico. É por essa percepção que faz todo sentido que a maioria das produções culturais possa contar com a proteção e os benefícios públicos. Fora disso, o risco de perda de identidade e, por conseguinte, submissão à hegemonia dos valores externos é grande. 

Esse, enfim, é o terceiro vetor de preocupações. Justo o que pode consagrar aquela tese da hegemonia cultural que, na particularidade brasileira, fere uma história vocacionada de riqueza e diversidade.

Na próxima coluna, sigo com a mesma pegada desta análise. Num esforço adicional para mostrar que aqui se tem e faz uma economia criativa forte.

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