Cultura e Audiovisual: Olhos Firmes para o Futuro
Primeiros Ensaios Setoriais para um Plano Nacional de Desenvolvimemto
Na coluna anterior, anunciei a programação de um seminário, no qual alguns nomes da cultura e do audiovisual estariam aqui reunidos, no Recife. A idéia que propusemos ao grupo foi de buscar um processo de retomada produtiva, pautado nos valores de um futuro já anunciado para todas atividades culturais. Um exercício de ousadia, diante do triplo massacre que ainda se impõe sobre os ombros dos produtores, promovido por doses específicas, a saber: i) os efeitos das inovações tecnológicas; ii) os impactos de uma crise sanitária sem precedentes; e iii) a intenção da destruição setorial, pela ausência de políticas públicas.
Comemoramos na última terça-feira o sucesso do encontro. O sentimento geral dos quase 30 participantes fpi que a agenda do Recife representou o primeiro passo de uma união intrassetorial (no audiovisual) e intersetorial (entre todas atividades culturais). De coadjuvantes desesperançados para protagonistas dedicados, a diferença se deu pelo nível dis debates e pela vocação natural de uma resiliência transformadora. "Yes, we can". Assim como Obama discursou, por aqui o que temos a dizer é que "nós também podemos".
No primeiro dia dos trabalhos, um encontro marcante com duas reservas extraordinárias da cena política: Cristóvam Buarque e Luiz Henrique Mandetta. Além das inteligências peculiares e das experiências públicas exemplares ums transmissão de conhecimento sobre as perspectivas que precisam ser admitidas em qualquer plano de desenvolvinento. No pressuposto de uma cidadania vista por critérios efetivos de humanização, pela educação e pela sanidade é mesmo possivel se ter em conta um novo paradigma de desenvolvinento, para o qual um dos eixos dinâmicos seja a cultira. Isso é plausivel por conta do papel desse setor, justo numa economia cada vez mais dependente da criatividade e da inovação, como também da condição estratégica de se mostrar ao mundo pelos seus valores identitários. Para dar ainda mais "sabor a esse caldo cultural", boas pitadas da relação humana com seu ambiente, para que o "prato final" sirva de alimento para um mundo mais sustentável. Como bem externou no seminário, nosso decano das ciências econômicas em PE, o Prof. Clovis Cavalcanti.
Na terça-feira, após duas belas exposições sobre a segurança juridica das produções culturais (propriedade intelectual e direitos autorais), defendias com competência pelos advogados Eduardo Senna e Marina Mandetta, a reunião dos produtores, que ao vislumbrar cenários factíveis, trouxe de volta aquele ânimo necessário para recuperação do tempo perdido pela tripla adversidade já exposta.
O encontro do Recife foi o primeiro passo da retomada. Claro que antes que ela possa ser, de fato, real precisamos nos próximos encontros avançarmos com essa união de esforços, tendo como alvo a melhoria da comunicação do setor, maior segurança jurídica nas relações das produções e fontes de custeio que dêem sentido ao conceito estratégico que está por trás da cultura. Só assim seremos capazes de contribuirmos para um desejado modelo de desenvolvimento: sustentável, que melhore a distribuição das rendas e consolide a democracia de massa.