Logo Folha de Pernambuco

Depressão e Bucho Vazio Deixam o Futuro Incerto

Tempos de Mais Cobranças Políticas e Menos Conversas Fiadas

Atenção candidatos: informações que apontam para instabilidades socioeconômicas estão no horizonte. Cuidado nas suas falas presentes e nas contas futuras que poderão pagar. Além do tempo, a solução política tende a ser implacável. No geral, para o povo, sobretudo, no impacto sobre os mais vulneráveis.

 

Às vezes, missão de economista, em especial, na função de alicerce técnico para os que tomam as decisões políticas, costuma ser a de portadora de maus presságios. Infelizmente, faz parte da profissão. Cabe, enfim, ao político saber atendê-la para daí dosá-la, seja pelo mal necessario ou pelo bem leniente. De qualquer modo, relato duas situações factuais que despertam preocupações para quem técnica e politicamente tem responsabilidades civis quanto ao futuro do país. 

 

Esta semana se conclui com uma péssima notícia, que só retifica esse retrocesso social que o Brasil assumiu nos últimos anos, em especial, no atual governo. Refiro-me à escalada da fome, que teve a consagração dos seus incríveis 33 milhões de brasileiros, em estado pleno de insegurança alimentar.

 

Já comentei aqui sobre o "ilusionismo econômico" do posto operante que foi transformado em circo mágico. Também do negacionismo supremacista e cego do Chefe do Executivo,  que diz não encontrar famintos nas filas de padarias ou mercadinhos das esquinas. No entanto, qualquer um que tenha o minimo de fertilidade cognitiva e sensibilidade humana sabe que a realidade é outra. Desse modo, az todo sentido o relatório divulgado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (2022), ao corroborar que 3 entre 10 famílias brasileiras estão atingidas pela fome. De fato, o número de pessoas com fome corresponde a 15,5% da população brasileira. Esta parcela da população vive insegurança alimentar grave, quando há privação no consumo de alimentos.. Outros 15,2% também vivem a insegurança alimentar, de forma moderada, quando não há quantidade suficiente de alimentos. Uma vergonha nacional que, ao se expor o bucho vazio, justifica-se a urgência de políticas públicas mais consistentes e que fiquem nos reais miseráveis. Afinal, filas para cadastro, insatisfações generalizadas e falta de resultados, só comprovam que a retórica eleitoral do tal Auxílio Brasil não se completa em si.

 

Por outro lado, o cenário internacional de inflação e juros não deverá fazer da próxima semana um ambiente cambial sereno. As expectativas do mercado quanto à desvalorização do dólar é uma peça da engrenagem macroeconômico que pode impor riscos presentes e futuros. Para quem internamente já opera com inflação de alimentos em ritmo de alta e com novas expectativas de aumento nos juros internos (a reunião do COPOM será também na próxima semana), o cenário é de instabilidade e impõe muita cautela e responsabilidade. Haja risco de depressão para os afetados. 

 

Nesse insano embate polarizado, que só mira no efeito plebiscitário das eleições, quando se desprezam os valores programáticos, creio que a coerência é clamar por mais cobranças e/ou compromissos políticos e menos conversas fiadas. Por mais que a estrada não aponte para chegadas seguras, o remédio é segui-la com alguma responsabilidade.

Veja também

Quem é Ana Paula Minerato, modelo acusada por racismo
Polêmica

Quem é Ana Paula Minerato, modelo acusada por racismo

Série "Cem anos de solidão" terá première em Havana
streaming

Série "Cem anos de solidão" terá première em Havana

Newsletter