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Desafio da utopia realista brasileira: estabilidade, sustentabilidade e humanização

O foco no 3D: democracia de massa, desenvolvimento da economia e distribuição

Pixabay

Na linha de complementar meu alerta, presente na coluna anterior, confesso que ainda estou por apostar no desafio de construir uma utopia realista para o Brasil. Vale bem mais o registro esperançoso daquilo que a gente pode fazer. Talvez melhor que uma simples esperança, tida como incapaz de registrar alguma mínima  transformação. Afinal, não há como negar que o país também convive com outra forma de  fome: aquela que ainda persegue um futuro que não chega. Algo que projete o respeito por uma transformação já em curso há décadas.

Nosso desafio é gigantesco, por não pagar a conta de uma transformação que assumisse os valores da modernidade. Estamos movidos por um atraso temporal, que tem nos colocado longe de três bases que nos alicerça; consolidar a democracia de massa, promover o desenvolvimento econômico e melhorar a distribuição de renda. Sem rumo e sem plano, nosso futuro tem-se resumido ao velho ofício do improviso, apurado pelo jeito brasileiro de ser, agir e se consagrar. Assim, não há preocupações com estratégias e visões de futuro. O Brasil tem sido atropelado pela sua intransigente defesa de atuar no "aqui e agora". De costas para o fortalecimento das relações humanas e dos principios sustentáveis. 

Num mundo piorado, pautado muitas vezes pelo discurso do ódio, o embate atual parece ser dirigido para o conflito entre humanização e desumanização. Assim, os mínimos esforços por fortalecer as relações humanas parecem-me vitais neste momento. Nesta trilha, reforça-se o papel das políticas públicas voltadas para educação e cultura, dignos e reais instrumentos de transformação. Sem formação, conhecimento e consciência cidadã, qualquer modo de se enxergar o futuro fica comprometido. Mais do que nunca, ja passou da hora de ver esses setores como instrumentos de uma poltica que, respaldada no conhecimento, na informação, na inovação e na tecnologia, dê o norte para um novo modelo de desenvolvimento.

Diante dessa lição, ir além de contar com um plano estratégico, penso que tal opção carece de ser vista também pelo indispensável e amplo conceito de sustentabilidade. Não há mais espaços, nem tempo, para dispensar a interação do homem com o seu ambiente, do macro ao microconceito. Revisar as formas socioeconômicas para se mostrar resistente e subsistente nas suas atividades é saber colaborar com os novos ciclos de um desenvolvimento que, embora mais competitivo, desafia estáticas e isolamentos. A capacidade de dinamizar e interagir farão parte desse outro paradigma.

Sem perder antes um olhar pela estabilidade, que exigirá romper com práticas exacerbadas e extremas de populismos e nacionalismos, o foco 3D se soma às estratégias em favor do crescimento dos conceitos de humanização e sustentabilidade. Enfim, a utopia realista em forma de plano, que restaure algum caminho do desenvolvimento que traga esperança ao país. Quem sabe até, sem qualquer menosprezo, aceitando nosso jeito vira-latas de ser brasileiro. Em respeito aos valores diversos, que dão total sentido à nossa identidade.

É sempre assim. O Brasil tanto me espanta, como me surpreende. Por ele, vou dormir de modo temerário, incomodado pelos riscos de pesadelos. Mas, costumo acordar com inspirações suficientes para crer nos sonhos.

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