Dois toques emergenciais para romper a inércia
Breve Ping Pong sobre os primeiros sinais das políticas econômica e ambiental
Até o momento em que escrevo, a semana esperada das decisões não havia ainda começado. Se a fase de qualquer transição entre governos costuma ser complexa, o contexto politico atual põe bem mais dificuldades nessa operação.
Longe de entrar no mérito de uma inércia preocupante causada por tanto maniqueísmo, prefiro tratar das urgências que possam dinamizar o processo, arrefecer os embates e gerar expectativas senão tão favoráveis, que sejam explícitas. Nisso, a semana se revela decisiva, não porque a prática da transição esteja estabelecida. Fundamentalmente, porque dois assuntos irão pautar as discussões iniciais. Cabem aqui as questões econômicas, hoje fortalecidas pela emergência de um orçamento público que carece ser revisto. Como cabem também as questões ambientais, agora pautadas pelas discussões da COP27, no Egito. Façamos um breve ping pong sobre ambas situações.
>Sobre a Transição na Economia
Particularmente, entendo ser essa área crucial, no sentido de uma sinalização em favor da estabilidade. Minimizar as incertezas agora implica no principal movimento de quebrar a Inércia.
Nesse aspecto, diante da retomada da Fazenda e do Planejamento, entendo que o Presidente Lula já poderia se antecipar na decisão que envolve o futuro das políticas econômicas. Um nome técnico para a Fazenda, que segure o ímpeto fiscal e arrefeça os sintomas controversos de parte do mercado. E um nome político para o Planejamento, que exerça uma influência negociadora sobre o Congresso, sem que se perca a responsabilidade executiva sobre o orçamento. E o desafio inicial está nessa negociação em torno do teto dis gastos, quando a urgência e a sensibilidade no tecido social pede clemência. Seria bom que a condução desse esforço já tivesse protagonismo.
> COP27
Que bom e oportuno que a realização da Conferência do Clima se dê nesse momento político de transição. Afinal, passada a tragédia representada pelo papel(ão) brasileiro nas tratativas sobre as questões ambientais, o país poderá agora se redimir e exercer seu protagonismo, nas diversas frentes da sustentabilidade.
Vale também dizer que essa volta do Brasil à cena ambiental, já com a participação do seu futuro governo, projeta para um futuro próximo uma recuperação da imagem diplomática, em geral. Significa o fim de um esforço estúpido de se isolar com o manto de pária, como foi capaz de dizer o ministro da pasta, cujo nome é melhor que seja esquecido.
> Resumo da semana: que o Brasil já tenha seus condutores da política econômica e que reassume sua importância estratégica como formulador de uma política ambiental, que atenda soberanamente aqui e adequadamente às demandas de fora.
Espero que com esse ping pong inicial, a gente reencontre o tempo perdido e que daí se restaurem os princípios civilizatórios do nosso projeto de nação.