Encarar o Intangível e o Humano
O Desafio Econômico do Mundo Moderno
Escrevo este texto em momento oportuno, posto que o IBGE acabou de revelar o fechamento do PIB para mais um trimestre (julho a setembro/24). A taxa de 0,9% indica crescimento, mas com diminuta redução de ritmo, embora se projete uma expansão agregada de 3,2% neste ano. Algo como um ponto percentual acima das expectativas anunciadas no final de 2023.
No bojo deste resultado, claro que há aspectos para justas comemorações. Afinal, contar com crescimento econômico é sempre importante e ainda mais quando acompanhado por menores taxas de desemprego. Essas são conquistas que, diante da desigualdade e pobreza estruturais, traduzem uma conjuntura econômica e social, no mínimo, tolerável.
Outro fator importante dessas estatisticas recentes é o registro de uma melhora significativa no nível geral dos investimentos, mesmo que obtido de modo discreto,mas animador. A considerar alguma cautela que ainda se impõe, por conta das incertezas do ambiente fiscal. Mas, na complexidade que representa a economia brasileira, tudo isso poderia efetivar um passo meritório. Menos para alguns mal-humorados que, por rigores ideológicos, não dão o braço a torcer para tudo que venha do Governo Lula.
Acontece que, mais do que isso, há aspectos outros que estão além do espelho, capazes de revelarem um realismo à moda "machadiana". Sem arrodeios, não me refiro às desconfianças de um mercado que, frequentemente, exprime parte daquele mal-humor com a política econômica. Não se trata, enfim, dos temores que podem ser gerados pelo desempenho do PIB, na forma de mais inflação e juros altos. Vou além, na medida em que o tamanho da contribuição de distintos setores para o PIB alcançado, bem como, o peso dos investimentos em tecnologias para desenvolvimento de softwares, reforçam um novo paradigma.
Refiro-me à consolidação de um ciclo econômico inédito, pautado pela produção de intangíveis, enquanto resultado dessa transformação, que consagrou a economia virtual como algo inquestionável. É preciso encarar esse conjunto de produtos imaterias, que tem exigido firme compromisso com a humanização das relações econômicas.
Por notória dependência, o tamanho desse desafio irá carecer de avanços na educação, para dela ver-se aflorar ganhos de produtividade. Em plena sintonia com essa aposta, valerão olhares diferenciados, capazes de arriscarem, por meio de investimentos, em ciência, tecnologia, cultura e consciência ambiental.
Isso não é plano futuro. O tratamento para uma economia que foca no sustentável está no presente. E o danado é que o veículo da mudança passa a jato. Perdê-lo é negar o desenvolvimento.