Logo Folha de Pernambuco

Esta crise impõe revisões nos investimentos sociais

Esta crise impõe revisões nos investimentos sociais - Hugo Carvalho/Folha de Pernambuco

Em prosseguimento à análise econômica sobre algumas lições reveladas pela pandemia, um penúltimo aspecto corresponde às reflexões cabíveis sobre alguns investimentos de dimensão social. Do ponto de vista da Covid-19 em si, entre contaminados e mortos, a crise sanitária tem mostrado seus efeitos maiores na base da pirâmide. Por um lado, as marcas clássicas das nossas desigualdades sociais se revelam mais presentes, nas quais a disseminação da doença  se dá mais forte entre os mais vulneráveis: pobres, negros, menos instruídos e idosos. Por outro lado, a constatação de que a gravidade da pandemia expôs a fragilidade de setores que carecem de uma maior preocupação pela ótica do investimento público, mais precisamente, o saneamento básico, a urbanização desordenada, a habitação popular e o transporte coletivo.

Penso que a crise atual pode ser um referencial no repensar a política social no Brasil. Os programas assistenciais (emergenciais ou não), que representam a primeira imagem da vulnerabilidade, carecem de uma revisão estratégica em termos de conceitos e focos, para serem eficazes no objeto maior de cada um: atender quem realmente precisa da proteção social. No entanto, tão ou mais importante que esses programas é olhar para o futuro e rever algumas questões de infraestrutura básica, naquilo que se possa chamar de investimentos sociais. Nisso, as lições pendêmicas têm sido claras. Investimento na esfera social requer plano técnico e disposição política.

O aprendizado mais claro está representado pelo saneamento enquanto pré-requisito de saúde pública, haja vista o que tem revelado a própria crise sanitária. Em linha complementar, os investimentos mais pesados e longevos precisarão ser considerados em urbanização e habitação popular. Esse assunto é complexo, mas é preciso encarar o desafio de se rever situações urbanas que também expõem a saúde coletiva em estado perene de risco. E, por fim, algo mais exequível no curto prazo, que envolve o disciplinamento da demanda por serviços de transportes coletivos. Uma grande lição da pandemia foi apontar que o modelo vigente pode ser revisto, no sentido de operar melhor o tempo de uso dos demandantes. Os horários de "picos" são uma insanidade que justifica correção imediata.

EQUIPE ECONÔMICA> Como já disse aqui na coluna, à medida em que o tempo avança, o dilema da equipe econômica está entre a remissão e a demissão.Ou Paulo Guedes se rende aos pecados "furatetistas" ou sai do barco em nome dos seus princípios. De um lado, as aleivosias políticas dos que nunca quiseram a pauta que chamo de "básica" numa agenda liberal, sem os excessos clássicos da ortodoxia. Do outro lado, o enfático  apoio político de Rodrigo Maia, em negar o ímpeto  dos que tentam burlar o controle dos gastos. 

Vamos aguardar pra saber se o Ministro Guedes segue com sua "remissão ocasional". Ou então, se ele faz a opção dos seus amigos que debandaram e assume um pedido de demissão. Enquanto isso, persistem as evidências de descontrole das variáveis  macroeconômicas projetadas para 2021, justo pelas circunstâncias  periclitantes que já se encontram as contas públicas. Com ou sem as reformas que se impõem à situação disfuncional do Estado.

Veja também

Investimento da APM em Suape é estímulo para cabotagem
Coluna Movimento Econômico

Investimento da APM em Suape é estímulo para cabotagem

EDITAIS E BALANÇOS

EDITAIS E BALANÇOS

Newsletter