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Falhos Preconceitos e Falsos Dilemas

O Desafio de Entender o Mercado Audiovisual como Setor Econômico Estratégico

Roverna Rosa/Agência Brasil

Nesta semana, registrei a evidência vitoriosa da realização da última atividade da programação do Cine PE 2023. Refiro-me ao eventp TELA - Tendência, Entretenimento, Linguagem e Audiovisual.
Nada mais do que um claro exercício econômico, suficiente para consagrar, sem a carga de falhos preconceitos, o que nós economistas chamamos de agentes de mercado. 

Na particularidade de ambientes produtivos tão segmentados, o "modus operandi" da cultura já representa uma ordem de grandeza econômica. E dentro desse contexto tão diverso, o setor audiovisual não só reforça sua própria pluralidade, como se revela como uma atividade estratégica, quando entra em questão a força da identidade como contraponto aos modelos econômicos guiados pelo foco hegemônico. Um contexto que põe em evidência a importância de uma política pública estratégica que, na preservação resiliente da identidade, precisa rever falsos dilemas e crer na complementaridade dos seus mercados e na iminência da sustentabilidade.

Bem que o TELA se esforçou por isso e teve lá seu reconhecimento, se aqui considerar a avaliação do evento, por parte dos seus distintos agentes. No encontro entre os ofertantes detentores de conteúdos audiovisuais e os demandantes dispostos a comprarem tais bens, o caldo extraído não pideria ter sido melhor. Por um lado, com o olhar exclusivo no talento regional do Norte e do Nordeste, assistiu-se a oferta de belos conteúdos, nos seus mais diferentes estágios de ideias concebidas, criações alinhadas ou roteiros prontos. No bom sentido do mercado, tudo à mercê de investimentos parceiros. Por outro lado, uma dezena de "players" qualificados e habilitados, na intenção por garimpar boas oportunidades de negócios. 

Enfim, o TELA renovou para muitos a percepção de que a cadeia produtiva do audiovisual está pronta para gerar ainda mais empregos e rendas. Tão ou mais importante que isso, a certeza de que os valores identitários desses negócios, reforçam suas condições de serem estratégicos, numa economia cada vez mais comprometida com a realidade de um mundo digital. Absolutamente, dependente de conteúdos que fazem mover o cotidiano moderno. 

Embora haja negacionistas que, nas suas miopias tendenciosas, não enxergam economia e negócios nessa dinâmica produtiva, o fato concreto e real é que a própria explosão de consumo por tais produtos desmentem essa lógica amorfa. Seja por valores de entretenimento ou opções culturais (e talvez até, por ambas situações), a verdade é que ao se produzir esses bens, com ou sem escala industrial, há ofício de propriedade (o intelectual como se fosse uma patente) e mobilização de recursos (trabalho, capital, inovação tecnológica, capacidade criativa e outros). Portanto, fluxos de recursos físicos (empregos) e recursos financeiros (rendas) estão, perceptivelmente, estabelecidos 

Preconceitos sobre o papel do mercado não cabem mais. Tampouco, não há razões por se criar conflitos entre distintas formas de se organizar a produção audiovisual. O desafio continua em fixar e difundir as bases econômicas, reforçá-las como estratégicas e fazer valer de tudo isso a essência de uma identidade nacional que precisa ser respeitada. 

Certamente, o TELA 2O24 seguirá com essa luta.

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