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Faltam Bonifácios para Segurar os Ímpetos Discursivos

A Estabilidade Econômica sob Efeito de "Barômetros" e Inteligência Emocional

Pixabay

Dois efeitos unem e dão o devido sentido a este texto. São aspectos aparentemente distintos, mas no fundo revelam uma sintonia até harmoniosa. Por mais que barômetro e Bonifácio só tenham em comum os substantivos que se escrevem com a letra b. Assim penso.

O primeiro ponto me leva a busca pelo entendimento do que deve ser a atmosfera dos mercados. Certamente, o "ar que se respira" em sensíveis ambientes, que ditam as regras econômicas do cotidiano, deve ser bem intenso. Ou carregado, como se costuma dizer. Por tudo isso, creio que não seja infeliz minha percepção de que os agentes vivem com barômetros nas mãos.  Enquanto instrumento usado para medir a pressão da atmosfera, minha associação parece bem razoável. Fica claro que os agentes vivem sob rija pressão, de sorte ser coerente monitorá-la. Isso quer dizer que, declarações e discursos de natureza técnica ou política, precisariam passar sempre pelo crivo do equilíbrio e da sensatez. Assim, os barômetros de plantão, não apontariam para pressões insustentáveis. 

E o que posso dizer do Bonifácio? Aliás, até pluralizei, porque o contexto que extraio da sociedade atual exige que se opere na conta de somar - e até multiplicar. Nesse sentido, esse meu diferencial analítico pede pela lembrança do que representou José Bonifácio de Andrada e Silva. De fato, sob o ponto de vista do conhecimento histórico, o  entendimento sobre os vultos históricos ainda se restringe a vê-los como figuras discretas e pontuais. Por conta de pesquisa para um projeto especial, relevei o nome de Bonifácio ao meu panteão dos grandes nomes nacionais. Além do mérito político convencional de ser consagrado como o "patriarca da independência", ele foi muito mais, até em áreas incomuns, como a mineração. No entanto, essa minha intenção de revivê-lo na política está no fato de aqui valorizar sua capacidade de aconselhar e articular. E isso o fez muito bem no segundo império, apesar de atitudes políticas posteriores, que o levaram para fora do pais. Só que suas lições de sabedoria,no trato de assuntos políticos delicados, ficaram em registro. 

Ouso agora juntar as pontas dessas duas ilustrações retóricas para construir meu argumento. De modo direto e objetivo, quero  apenas reforçar que, nesse "quadro atmosférico", soprado pela cena política de Brasília, carregar na inflamação política por meio de discursos ou gestos, não condiz com a necessidade de por a economia no trilho da estabilização.  Com barômetros a mostrarem os altos níveis de pressão, o vetor resultante disso é mais incertezas pairando no ar. 

Se o conflito posto entre o sucesso do arcabouço fiscal e os sinais de uma inflação que insiste em não recuar já incomodam os agentes dos mercados, parece-me coerente controlar caras e bocas. Sem extremismos, de um lado e de outro.

Pela necessidade de pensar e reconstruir essa nação, os acenos políticos carecem de mais inteligência emocional. Infelizmente, temos mais barômetros em aferição do que Bonifácios em atuação.

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