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Há o que Comemorar na Economia Brasileira, em 2023

Breve Resumo dos Fatos Econômicos do Ano

Marcello Casal jr/Agência Brasil

Final de ano, tempo de revisões e balanços. Justo para registrar os fatos ocorridos e deles fazê-los  instrumentos de mudanças, nas intenções de melhoras para o ano que chega.

Não poderia ser diferente, mesmo no meio da aridez com a qual são conduzidas as mais acirradas discussões econômicas. Faz todo sentido que analistas - acadêmicos ou não - verifiquem os erros e acertos da política econômica no ano em curso. Da mesma forma, que precisam fazer todas projeções possíveis, para revelarem suas expectativas sobre o desempenho econômico em 2024.

Bem, e o que dizer da economia brasileira em 2023? Penso que poderei aqui tratar o tema em três direções. Talvez por quadrimestre. Daí, apenas pontuar de forma genérica, sem ir a fundo nas minúcias, os fatos que carecem de observações indispensáveis. Nisso, posso dizer que o trinômio que caracteriza os quadrimestres está resumido em dúvida, surpresa e expectativa, respectivamente.

A dúvida inicial era saber sobre a disposição de Haddad, Simone e suas respectivas equipes da Fazenda e do Planejamento, na intenção de garantir a estabilidade econômica,  considerada toda tensão política existente no período. Entre ameaças à democracia, polarizações Ideológicas, fragilidades institucionais e indicadores macroeconômicos sob os efeitos de insegurança, o ano econômico foi mesmo iniciado em clima de dúvidas. 

Para a fase intermediária, o sintoma da surpresa tomou conta da situação econômica. Apesar dos momentos verborrágicos do Presidente, em certos posicionamentos sobre a economia, bem como, diante do clima de hostilidades produzidos pelos mais extremos opositores, os indicadores começaram a mudar de desempenho, a ponto dos mercados iniciarem um processo de acolhida às boas intenções da equipe econômica. Assistir à rendição dos que não punham suas fichas a favor dos bons ventos, foi    a consagração de que o "desastre anunciado" pelos incrédulos de plantão era peça de ficção. Por algumas ocasiões, nesta mesma coluna, defendi equilíbrio nas análises e observações mais realistas para uma tendência revisionista, capaz de por o desempenho econômico num padrão satisfatório. A sintonia quase que inesperada, que passou a existir entre o fiscal e o monetário/cambial, aliado ao esforço por uma articulação política capaz de rever receitas e despesas nas direções de uma reforma e de uma certa intenção de controlar o deficit fiscal, foi a essência da (boa) surpresa. Resultado: os próprios mercados reagiram, entenderam a disposição política da equipe econômica e fizeram suas revisões nos indicadores. Para melhor. 

A terceira etapa, deste ultimo quadrimestre, é a prova cabal dessa mudança de postura. Que trouxe para o ambiente da economia, melhores expectativas. Para não ir muito longe, convido o leitor para mirar agora nas inacreditáveis conquistas de um crescimento econômico já estimado para 3%, o pleno controle da meta inflacionária, a redução gradual dos juros e, sobretudo, a vitória representada pela reforma tributária. Este, aliás, um tema que sobreviveu por três décadas, à base de muita conversa fiada e pouca concretitude.

Ao final, reservo-me da intenção de dar mais evidência à conquista representada pela reforma tributária, apesar da resiliência de alguns velhos "jabutis", expressos na forma de concessões e privilégios. Nesse momento de consagração daquilo que entendo ser um dos maiores avanços estruturais da economia brasileira, não crer ou apostar em tal resultado, só mesmo o retrocesso do clima de embate ideológico que contagia o País. Deixam de entender que a dimensão da reforma é um prêmio para uma sociedade que carecia de um outro paradigma tributário. Afinal, a economia brasileira saiu da condição de operar com o pior e mais complexo sistema do mundo, para se inserir num modelo novo, num avanço sistêmico, pautado por outros valores. Só como exemplo, realço aqui o aspecto da racionalização das regras, que advém de um conceito unificador estabelecido pelo padrão IVA. Penso que, somente nesse aspecto, o triunfo da reforma é de uma importância ímpar. 

Agora, o desafio é saber se esse ambiente econômico favorável, afiançado pelos mercados, terá  continuidade. Mas, isso eu tratarei no próximo texto.

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