Ir Além do Espelho na Economia (II)

A Essência Que Está Por Trás das Aparências: Uma Nova Régua de Valores Econômicos

Pixabay

Sigo a linha do texto anterior, de validar o realismo que extrapola o espelho, tal e qual o conto machadiano. Retomo com ênfase esse ponto, pelo olhar econômico, independente das ideologias e dos próprios meios que o mundo aplicou para crescer a produção e daí se buscar o desenvolvimento. 

De modo gradual e ao longo do tempo, tem-se comprovado que fazer crescer a economia representa algo necessário para sociedade. Mas, é preciso hoje se levar em conta alguns filtros, que a fazem dependente de outros valores, catalisadores daquilo que se espera obter num ritmo sustentável. 

Um exemplo atual está no perigo para a humanidade de se assistir ao crescimento da economia de uma forma que comprometa a preservação ambiental. Hoje, há outra régua de valores, que ao relevar critérios de preservação, faz-se por projetar um mundo mais efetivo, cujo desenvolvimento se estabelece de modo sustentável. 

De forma objetiva, retomo aquele binômio turismo/cultura, sobre o qual me antecipei como proposta de análise, no texto anterior. Assim, se a verdadeira essência estiver dada por um filtro capaz de refletir algum impulso desmedido do turismo, é provável que se possa ter a compreensão do que pode representar o setor cultural, enquanto poderoso instrumento de um padrão hegemônico.  Explico melhor tal argumento. Para isso, tomo como base o que pude rever nesses últimos dias, presencialmente, em termos do que representa o turismo de entretenimento, para a economia da Flórida, nos EUA. Tal e qual pude ver também a força da cultura americana, enquanto exercício - nem sempre  sutil - de um poder multifacetado. De fato, ir além da ordem de grandeza da cadeia econômica do entretenimento é mergulhar na imagem que se reflete no espelho. Ou melhor, é enxergar o quanto os simpáticos personagens da Disney, por exemplo, são capazes de revelarem o "modus vivendi" dos americanos. No crescimento dos turistas que se divertem nos parques e rendem muitos dólares para os que produzem entretenimento, está um modelo de "exportação cultural", que se propaga pelo interesse hegemônico, que amplia poderes.

Que bom se essa operação binomial entre turismo e cultura fosse em mão dupla. Que além dos dólares que estrangeiros aqui deixassem, o turismo brasileiro pudesse também "vender" a grandeza e a diversidade da nossa cultura. Que, no rigor do "balanço de pagamentos", a conta fosse mais equilibrada. Mas, o fato é que estamos longe disso. E entre tantas razões para esse desequilíbrio, um detalhe nada animador. Somos péssimos nas estatísticas de visitantes estrangeiros, pois os registros ainda mostram números de 30 anos atrás, por incrível que pareça. Nem o misto "sol & mar", tampouco nossa riqueza cultural, foram suficientes para mudar.

A realidade é dura. Mesmo assim, nessa fragilidade de olhar para além do espelho, coube-me não só o recurso do conto machadiano para falar sobre a cultura brasileira. Restou-me também a lembrança do Mestre Ariano, na sua preocupação com a perda da nossa identidade, diante da pressão de valores culturais que vêm de fora. Serve-me, enquanto argumento final, a lição econômica de que só não bastam combinar fatores de produção, ver a renda crescer e  daí dizer que o desafio do desenvolvimento foi iniciado. Para que o modelo seja sustentável, valores como o ambiental e cultural precisam ser considerados, conforme suas essências.

A fronteira de possibilidades na Economia tem seus limites. Com a aplicação de políticas públicas que façam sentido.

Veja também

iPhone 16 da Apple chega a lojas de 60 países hoje sem recursos de IA
TECNOLOGIA

iPhone 16 da Apple chega a lojas de 60 países hoje sem recursos de IA

Mulheres já infectadas podem se beneficiar da vacina contra HPV
VACINAÇÃO

Mulheres já infectadas podem se beneficiar da vacina contra HPV

Newsletter