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Mais Futuro para as Cidades

É Preciso Tratar o Desenvolvimento Municipal com Outro Viés Político

Alfredo Bertini - Jose Britto/Arquivo Folha

Na esfera pública da nossa república federativa, a gestão municipal é aquela que tem menos margem para manobrar grandes decisões econômicas. Embora essa regra do jogo político seja mesmo um fato relevado, o que me impressiona, de verdade, é se deparar com um novo ciclo de renovação eleitoral para esses municípios, no qual a mesmice discursiva prevalece. 

De fato, o que tenho constatado nesse início de disputa eleitoral, é mera reprodução de acirramentos ideológicos extremados, que pouco ou nada contribuem para um desejado desenvolvimento das nossas cidades. Afinal, são nelas onde tudo parece mais palpável e concreto. Longe das figuras de maior abstração, que a gente costuma constatar nos planos federal e estadual. Isso não é só pelo fato de que vereadores e prefeitos estejam, assim, tão próximos da gente. É mesmo porque tudo que a gente ver acontecer como consequência das decisões políticas acontece no âmbito das cidades.

Diante de todo esse contexto e pela própria necessidade de se vislumbrar transformações efetivas na vida dos cidadãos, que sempre me proponho (mesmo que me iluda com isso) a entender o real Desenvolvimento, justo nos territórios que me parecem mais exequíveis ou palpáveis.

Nesta particularidade, na maioria das vezes em que leio ou assisto a algo sobre as próximas eleições de outubro/24, é triste verificar uma certa dessintonia política de muitos candidatos, com relação às distintas realidades que se observam nas cidades. Nada de inovador é proposto. Nem mesmo, soluções que sequer sejam simplistas, para que tantos problemas de desenvolvimento socioeconômico sejam enfrentados, consegue-se extrair das falas, escritas e debates. Por exemplo: enquanto não se enxergam proposições  criativas e factíveis para reduzir as desigualdades, gerar postos de trabalho e encar os desafios ambientais, a maior entropia empregada está na irrelevância inoportuna das discussões de pautas como a de costumes.

Enquanto as chuvas geram estragos ambientais e exigem estratégias inovadoras para investimentos públicos, as questões políticas parecem ter outras preocupações. Incrível, mas numa mínima discussão sobre os problemas comuns a tantas cidades brasileiras, os conhecimentos sobre escolhas do comportamentos individuais parecem ser o essencial. Bem ao estilo no qual liberdade é dar o direito de portar armas, de exercer modos sutis ou abertos de preconceitos contra as escolhas de vida das pessoas. 

Nessa linha, soluções para o caos urbano de algumas cidades passam à margem, pois o compromisso agora é tratar com o eleitor sobre regras de moralidade. Só que a realidade que ainda bate à porta precisa enxergar a trilha do desenvolvimento socioeconômico com outro viés político. Justo o que ousa propor soluções reais para os problemas que afligem a coletividade. E há muito de imoral nesse roteiro atual de descasos. Em conta, decisões políticas e personsgens politicos sem visão de futuro e mais interessadas e interessados na "fulanização" de padrões comportamentais .

Ouso, enfim, alertar esses candidatos sobre outras agendas: a do futuro e a das questões coletivas. Na medida do possível, com proposições e conquistas econômicas. Assim penso.

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