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Nacionalismo x Globalização no novo arranjo mundial

Ilustração: Greg / Editoria de Artes / Folha de Pernambuco

Outro aspecto econômico que já se desenha nesses tempos de crise está  representado por um novo arranjo mundial, mais precisamente, ditado pelo dilema entre nacionalismo e globalização. Certamente, um embate que irá pautar por bom tempo as relações comerciais externas.

Na pré-pandemia o tema já havia voltado à efervescência em decorrência dos fortes apelos instaurados pelas ideologias políticas. Por um lado, os pensamentos mais extremos, sempre na defesa intransigente das causas nacionais. Por outro, o alinhamento do pensamento econômico liberal com as tendências mais "de centro", na defesa da integração comercial em blocos. Numa análise mais dinâmica desse processo recente no mundo, assistiu-se à  retomada por ideias anti-globalizantes, diante do vigor de movimentos  pontuais da chamada extrema direita. 

Alia-se a essa tendência o ineditismo de uma crise sanitária sem precedentes históricos. A propagação ágil e voraz do vírus que deu sentido à pandemia trouxe a "inflamação" do discurso nacionalista. Até dentro de uma Europa unificada,  assistiu-se a cenas de fechamento de fronteiras e de ações pouco solidárias, algo incongruente com relação ao espírito de coesão estabelecido pelo bloco da Comunidade. Uma atitude que reflete bem as possíveis dificuldades que advirão de novos acordos diplomáticos e comerciais.

Visto pelo prisma dessa globalização hoje sob riscos, um alento no horizonte. Apesar das regulamentações em curso, a possibilidade de uma derrota eleitoral de Donald Trump para Joe Biden poderá resultar no arrefecimento desse embate ideológico. Uma luz de equilíbrio surge no horizonte.

AGRONEGÓCIO> Diante de tantos embates ideológicos é preciso muita atenção para que essa politização incomum interfira nos resultados do agronegócio nacional.  Em tempos de cenários internacionais polarizados entre os principais parceiros comerciais e num ambiente interno onde o apelo tributário parece mais plausível, os negócios da agricultura não podem ser travados. Por um lado, todo cuidado com a instável parceira americana nesse clima de campanha por lá, que pode proporcionar mais barreiras sobre o nosso setor sucro-alcooleiro. Poderão diminuir a cota livre já irrisória e ampliar a taxação sobre a importação extra. Por outro lado, o instinto nacional reativo de aumentar a arrecadação, como opção aparentemente exequível, traduz-se como uma punição sobre quem está imprimindo uma  dinâmica consistente, em favor do crescimento econômico. Olho nos fatos.

PRODUTIVIDADE> De acordo com dados recém-divulgados pelo IBRE/FGV, no período 2014/19, é preocupante o desempenho médio da produtividade, que registrou uma queda de 0,6% aa. Um quadro que se dá concomitante à queda de 0,5% aa no Valor Adicionado, considerado o mesmo período. O indicador PTF (produtuvidade total dos fatores) mede a efetividade do capital e trabalho na realização da produção. Com esse registro e a baixa produtividade brasileira (e latina), se comparada a outros países emergentes e até menos desenvolvidos, extrai-se o fato de que a resposta não está apenas na retomads da taxa de investimento. Infelizmente, a clássica  deficiência estrutural do nosso capital humano representa um óbice  para o desenvolvimento sustentável.

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