Novas e Velhas Lições (1)
Bonito e Gramado: A Dimensão Econômica do Audiovisual e seus Eventos
Mais de 15 anos depois da edição e publicação do meu livro "Economia da Cultura", ainda são muitas as ocasiões, nas quais falo ou escrevo para o público, justo para tratar desse tema. Pelo meu envolvimento profissional mais direto, a análise termina por ser dirigida para o setor audiovisual. E isso se dá de modo inevitável, também pela ordem de grandeza da cadeia produtiva que caracteriza esse setor. Por mais que muita gente não consiga entendê-la assim. Como uma atividade econômica tão significativa.
De fato, por tanto tempo de manifestações e defesas enfáticas dos valores econômicos, confesso que me sinto, em dados momentos, até um pouco decepcionado. É que muitos argumentos em dedesa da causa, até que evoluíram, mas nada houve de concreto, num olhar mais rigoroso e isento. Não conslgo registrar algo marcante, que fosse capaz de acontecer e mudar. Por razões que não cabem ser postas aqui e agora, apenas enfatizo o quanto estamos longe de ter o mérito da Economia da Cultura, estabelecido de forma pragmática e efetiva.
Assin, num outro jeito de olhar a situação, não posso deixar de registrar o que me aconteceu e o que irá acontecer, em termos de una retomada de percepção, relativa ao impacto dos novos e velhos eventos audiovisuais. Refiro-me, respectivamente, aos casos do novíssimo Festival de Cinena de Bonito, no MS (que realizou sua segunda edição) e do tradicionalíssimo Festival de Cinema de Gramado, no RS (que apesar das adversidades, fará, na semana que vem, sua edicao de número 52).
Aqui me atenho ao sucesso que pude registrar do Festival de Bonito. Não faço isso, apenas pela sintonia do evento cultural com a particularidade da força turística desse destino. Para um projeto iniciante, que também veio para reforçar os valores econômicos do binômio turismo e cultura, tão bem avaliados pelos efeitos do fortíssimo Festival de Inverno da cidade, o fato é que o vetor do audiovisual chegou para ficar.
Vale realçar que, mesmo na condição de um festival ainda incipiente, já deu para perceber a formação de sua própria cadeia produtiva. Afinal, foram notórios os impactos gerados na rede hoteleira, na gastronomia, na demanda por passeios ecológicos e nos transportes, tanto no aéreo quanto no receptivo. Enfim, um encadeamento de ações que teve identidade cultural-ambiental, em larga sintonia com um turismo sustentável, gerando empregos e rendas. Um gol de placa, que tem tudo para transformar o evento, na referência latina, a qual o mesmo se propôs.
Se tudo isso pude constatar, na semana passada, na encantadora cidade de Bonito, muita história, com nuances econômicos, terei por contar, na coluna da semana que vem. Darei o devido destaque para o papel do festival de cinema, no que tange ao destino de referência turística, que está representado pela belissima cidade de Gramado. Será essa essência que, na próxima semana, tratarei aqui na coluna.