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O Bloco da Economia Está nas Ruas (II)

A Agenda Econômica do Futuro Precisa Começar

Pixabay

Os festejos hão de passar. Por mais que se tenha amantes saudosistas, a ingratidão foliã da quarta é irreversível. A oportunidade da exposição no clima otimista da folia, agora se abraça com a realidade fática do cotidiano. E algo  precisa acontecer na economia. O futuro não depende apenas do debate em torno da tal SELIC. Se está compatível ou não. Ou mesmo, se vale ou não  mexer na meta de inflação. 

Claro que tudo isso tem seu sentido pragmático, mas o Brasil tem pressa, diante de uma (re)novada alvorada, que se anuncia a partir da quinta-feira da ressaca. O choque de realidade, ao meu ver, precisaria virar o jogo da mesmice, de certa forma, na intenção daquele olhar futurista sempre distante e intangivel. A sociedade brasileira, cansada das incompletudes dos fatos históricos e na ausência de políticas públicas transformadoras, parece querer rejeitar os imediatismos. Bom seria um basta!

Assim, da magnitude de um plano de desenvolvinento que, seja bem mais sustentável nas ações do que nas ideias, será preciso ousar. As atitudes políticas precisam considerar que, o eixo que dá dinamismo econômico ao mundo, evidencia valores intrínsecos, tais como a educação, a cultura, o meio ambiente, a ciência e a tecnologia. Resgatar o capital humano, no sentido de tornar as relações econômicas bem mais humanizadas, parece-me a aposta mais segura. 

Embora o tempo geracional possa conspirar contra resultados de curto prazo, o fato é que já passou da hora de se fazer da educação a força motriz da mudança. Será necessária muita coragem para romper óbices impregnados, que ainda dão o tom dos rumos públicos daqueles investimentos destinados à educação. E focar na geração do ensino básico poderá trazer importantes resultados, sobretudo, nessa fase de transição demográfica. Um cenário inédito que já projeta o envelhecimento da população, com todo custo que representará para essa geração incipiente (e ainda insipiente, com a letra s). A oportunidade costuma ser momentânea.

Por outro lado, é preciso também admitir que estamos por viver a égide da "bioeconomia" , no sentido mais amplo do termo. Dos investimentos derivados dos fundos internacionais,  abandonados por razões ideológicas estúpidas. Até os ganhos de quem pode viver melhor do extrativismo das florestas. Tudo faz parte de uma enorme cadeia produtiva, que garante essa visão tão vilipendiada do que seja, efetiva e seguramente, sustentável. Por mais que alguns pareçam passar um recibo contrário, justo por "viverem noutro planeta (talvez plano e isento de adversidades climáticas), o mundo real da diversidade e das desigualdades impõe tamanho respeito. Afinal, a questão pode ser de vida. Mas, do jeito que se encaminha, pode ser de morte. Parece mesmo que a
terra ainda arde em todas direções e sem  justificativas tão grandes quanto ela.

Como os ritmos carnavalescos irão cessar nas cinzas, cabem aqui no final os versos da canção de Cássia Eller: 

"Quando o segundo sol chegar
Para realinhar as órbitas dos planetas.
Eu só queria te contar
Que eu fui lá fora e vi dois sóis num dia
E a vida que ardia sem explicação".

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