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O esforço para desapegar é possível

A difícil construção da equipe econômica diante de embates políticos internos

Ampulheta - Pixabay

Destaquei na coluna anterior que, o longo feriado carnavalesco, poderia ter sido uma bela oportunidade para que os agentes políticos e econômicos, mais diretamente envolvidos com as ações públicas pertinentes, levassem a cabo tudo aquilo que a sociedade espera. De fato, longe dos embates temperados pelos vigores eleitorais, o que se espera é equilíbrio e sensatez. Nunca foi tão clara a relevância de políticas de Estado, algo que possa ser capaz de controlar as expectativas econômicas e de fazer da construção social um alvo palpável. 

Se o tempo, uma das variáveis determinantes dessa minha simples tese, pode ter sido insuficiente, penso que   o compromisso por desapegar, enquanto outra variável explicativa, poderia ter sido efetivado de modo mais incisivo.

O vetor resultante dessa minha argumentação consegue me revelar o quanto um sentimento piegas ainda prevalece. Apesar dos esforços da nova equipe econômica, de rever ideias e proposições, constatar uma resistência da base política é o mesmo que admitir que a trajetória ainda está bem sinuosa. Vou aos fatos.

Um primeiro a ser referenciado é o dilema que põe em xeque a autoridade monetária, no modo dela exercer sua polítia por caminhos independentes, daqueles que foram traçados pelo governo. Já tive aqui a oportunidade de dizer que as atitudes alinhadas com a banda política mais intervencionista do governo, pode ter lá suas explicações por um saudosismo ideológico. No entanto, essas atitudes não convêm neste momento, porque retiram dos mercados os níveis básicos de confiança. Sobretudo, no contexto atual, cujo o dinamismo econômico está enferrujado e ainda se faz necessário encarar o desmantelo social. Portanto, não dá mais para fazer das expectativas um laboratório de provas. O remédio disso poderá sair caro, amargo e ineficaz. 

 Num plano adicional, no qual se possa mirar agora para o desafio fiscal, é preciso ainda mais equilíbrio e inteligência  emociomal, no intuito de se encarar as duas faces da moeda: gastos e receitas.

Já se apresentou como pública e notória a elevação das despesas públicas e, por conseguinte, o nível de endividamento. Por mais meritório e complementar que seja o investimento nos programas sociais, gasto é gasto. Ponto. Razão pela qual é preciso usar mais da consistência técnica para negar o sentido eleitoral, para daí se construir, numa pactuação republicana, um plano estratégico, confiável e exequível. Algo que transmita a sensação de que desapegar dos velhos chavões, é possível. Num exemplo menor e paralelo à essência aqui posta, dito de modo direto e atualíssimo é dizer que uma estatal como a PETROBRAS segue um modelo de gestão técnico e profissional. Falar agora de se rever a política de dividendos serve aoenas para causar dúvidas e até arrependimentos. 

Seguramente, esse esforço pelo desapego  também implica numa estratégia de igual inteligência emocional, no trato da simplificação da maluquice representada pelo sistema tributário. O velho discurso da reforma não pode ser atualizado sem que o trato equilibrado e criterioso possa ser considerado.

Como diz o título desta coluna, o ambiente pode estar  propício para que o '"nem 8 e nem 80" seja o instrumento do desapego. Tudo no seu tempo.

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