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O Grande Encontro - as experiências públicas de dois consagrados economistas  

Um diálogo em livro entre quem fez a história econômica recente do Brasil

jcomp/Freepik

Em 1996, no cenário da nossa música, a iniciativa de gravar um show ao vivo, que reuniu 4 nomes nordestinos, proporcionou um enorme sucesso comercial. Um ato capaz de alcançar o marco de um milhão de cópias vendidas, em curto tempo. Ou seja, a reunião em forma de espetáculo, dos talentosos Alceu, Elba, Geraldo e Zé Ramalho, consagrou dali o que a mídia chamou de o primeiro "Grande Encontro". Outros vieram e conquistaram o mesmo sucesso de público. Uma simples demonstração que reunir gente talentosa, capaz de transmitir sua competência para o público, tem seu lado marcante. Ficou o registro.

Há pouco mais de dois meses fui surpreendido por uma mensagem especial, entre algumas que recebo do querido amigo, Prof. Cristovam Buarque. Nela, tratava de um envio anexo, no qual se referia ao texto de um livro recém-escrito, que seguia um princípio anterior, de efetuar diálogos entre ele e algum convidado especial.

A boa e agradável  surpresa daquele envio teve para mim uma dupla direção. De imediato, o fato do convidado para dialogar ter sido um colega economista, da estirpe intelectual e profissional do Prof. Edmar Bacha. Tal escolha, nessa linha do diálogo, enquanto um dos meios de atuação literária que Cristovam tem perseguido, é claro que Bacha dispensa comentários ou apresentações. Mais ainda, porque ambos tiveram afinidades acadêmicas, decorrentes da convivência nos EUA e de um convite desafiador de Bacha, então aceito por Cristovam. Neste particular, para participar da montagem institucional e do exercício como docente, do novíssimo Departamento de Economia da Universidade de Brasília (UnB).

Feita essa referência inicial, a segunda direção foi que me trouxe maior impacto. Afinal, o que motivou o trabalho comum desses dois respeitados economistas,  foi exatamente o (grande) encontro que aqui foi proporcionado, pela programação do Cine PE 2022, realizado em dezembro passado. A melhor das conquistas ainda estava por vir, sem que isso fosse algo construído ou imaginado.

De fato, num seminário onde me envolvi com a necessidade de debater o futuro da economia e seus efeitos sobre a cultura, tive a feliz ideia de convidá-los e reuni-los. Cristovam e Bacha juntos (ainda sob os olhares de participação semelhante e incontestável testemunho do Ex-governador do RS, Germano Rigotto) já representava um contexto ímpar. Afinal, mesmo ciente dos velhos laços entre eles e de um distanciamento físico ditado por vidas profissionais distintas, jamais poderia imaginar que pudesse ter sido o elemento agregador, indiretamente capaz de influir na ideia de um livro. Mais ainda: protagonizado por dois economistas que fizeram, das suas experiências públicas, exemplos marcantes para a história econômica recente do país. Sem dúvida, um "grande encontro" de quem tem muito a dizer sobre o que fizeram de bem, seja para a economia como para a política. 

Se esse episódio em si, deixou uma marca (diria até, que de efeito curricular para o Cine PE), justo por ter sido uma espécie de indutor de consequência tão alvissareira, fui ainda agraciado por outra deferência especial, que partiu, de novo, dessa figura diferenciada que bem representa o cidadão Cristovam. Fui contemplado, em primeira mão,  com a leitura de um belíssimo prefácio, escrito pela jornalista Miriam Leitão.

Enquanto formadora de opinião, absolutamente, qualificada pela crônicas jornalísticas, de profundo conhecimento sobre a Economia, sua contribuição ao livro, reforça-me no sentimento de que valeu à pena aquela escolha, sobre os integrantes da mesa, convidados para debater o cenário econômico de então. Interessante foi constatar no prefácio (permitam-me, Cristovam, Bacha e Miriam, pela sutil antecipação) uma sintonia entre meu propósito de reunir os professores e a impressão que Miriam revela sobre o papel de ambos. 

Por atuações específicas e competentes, Bacha e Cristovam eternizaram suas missões públicas, em dois contextos diferentes, mas fundamentais para a velha luta por um desenvolvimento socioeconômico, que seja mesmo capaz de mirar na estabilidade e no combate às desigualdades. Objetos perceptíveis pelos méritos dos professores, uma vez que alcançados com o Plano Real e o Bolsa Escola. 

Diante desse contexto comum, ficou evidente que quem soube construir a história, sempre terá o privilégio de saber vislumbrar o futuro. Mesmo que Bacha e Cristovam tenham colhido os frutos desejados da intenção, para mim ficou ainda a certeza de que valeram as sementes fecundas da energia. Cabem aos gestores políticos a lição de reconhecer as atitudes e repeti-las aos seus modos. Isso é o que   melhor entendo como prática de formação para novos líderes.

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