O Impacto em 5D na Identidade e no Produto Cultural
As Atitudes que Desfazem um Objeto Natural de Expressão Econômica
Nos últimos dias, o que se teve de situações espantosas parece configurar um quadro de descrença, no que representa hoje a essência da sociedade. A resistência por vê-la transformada pela adequação aos novos conceitos e valores, consagra um ambiente social que se pauta por reações odiosas, falta de empatia e prevalência de um individualismo predador. Um padrão que tem seus efeitos sobre a necessidade de encarar a economia pelo filtro de um olhar não convencional. Que separa o empreendedor por pisos segregadores.
Para começar, é decepcionante o quanto parte da sociedade encara o produto cultural. É como se um esforço de diletantismo mobilizasse fatores para empreender distintas formas de se fazer arte. Quem a produz não é visto como um "empresário convencional". Por mais que se mobilizem recursos e busquem os meios naturais de custeio. O que pode ser entretenimemto ou instrumento de reflexão para efeito de demandar ou consumir, aponta, pelo outro lado, para um convencionalismo, no sentido de que para ofertar ou produzir, é preciso empregar mão de obra, criar, inovar e recorrer a avanços tecnológicos. Nada diferente do que ocorre noutros mercados.
Dito isso, impressionou-me o "festival de besteiras", dado por críticas ao show de Madonna. Teve de tudo. Até mentir sobre o custeio público por incentivo fiscal, como tempero para se seguir na velha batida equivocada sobre o que representa um instrumento como a Lei Rouanet. Aos 3D originais do Desconhecimento, da Desinformação e do Desleixo, que bem caracterizam o mau entendimento do que seja Economia da Cultura, agregaram-se dois novos vetores, no modo 2D: Difamação e Destruição.
Acontece que, quem persiste na tecla não só ignora a Cultura como geradora de empregos e rendas. De fato, parece-me ser uma excrescência relevar o papel dos integrantes dessa cadeia produtiva, tratados por um ódio compulsivo. E tão somente por razões Ideológicas idiotas. Que o diga quem associou, por caminhos tortuosos, um evento programado há anos, de alto impacto econômico, com a tragédia sofrida pelo RS, decorrente de efeitos climáticos extremos. Neste caso, um contexto no qual essa mesma massa crítica que é exercida sobre quem produz Cultura, jamais deu o devido valor científico à realidade das questões climáticas. Um status de ignorância que também se revela hipócrita.
Outra cena lamentável trata de um preconceito estrutural, justo no ambiente da formação educacional. Como costumo fazer nas minhas análises, a humanização das relações econômicas prescinde de uma qualificação profissional que alcance outro padrão de produtividade. Disso, extraio uma questão basilar: como avançar nessa direção, justo nesse mundo, no qual os preconceitos mais cruéis andam em voga? A coragem da atriz Samara Felipo de evidenciar as atitudes de racismo proporcionadas à sua filha por colegas de sala de aula, é um breve registro que tem seu impacto, bem além da mera denúncia.
Num Brasil desigual, submetido a contrastes históricos, o desrespeito aos valores da diversidade impregnada na identidade cultural do que pode se chamar de "nação", soa como outra ignorância. E isso repercute na formação socioeconômica, num encadeamento lógico e sistêmico. Não aceitar é apostar num caminho errado.