O Momento Econômico Externo Serve de Reforço à Moderação Ideológica

Governo e Agronegócio Precisam Focar no País

Agronegócio - Valter Campanato/Agência Brasil

Um dos mais notórios desdobramentos dessa persistente polarização política tem sido a discussão sobre o agronegócio. Sem paixões arrebatedoras, que só exacerbam um contexto ideológico pautado pelos antagonismos mais extremos, o certo seria  agir em favor de um compromisso econômico apoiado nas análises técnicas. Buscar atitudes e ações espelhadas no equilíbrio, na ponderação ou na moderação,  representam o desafio ainda palpável de focar nos reais interesses do país. Pois esse caminho é minha crença, quando tomo o agronegócio como um vetor de suporte, naquilo que creio e aposto, para efeito de um plano de desenvolvimento sustentável. 

Se isso é mesmo possível e me serve de aderência para as utopias e crenças que julgo realistas e exequíveis, não só descrevo aqui o quanto são estéreis os confrontos entre o agronegócio e o governo. Daí, na plenitude da tolerância entre as partes, tentarei mostrar que há espaços vazios na alçada técnica, suficientemente capazes de atuarem de forma alinhada. 

E o momento sinaliza para essa comunhão, que ponha as divergências nutridas por ideologias, num plano bem inferior. O que chamo de "oportunismo de ocasião", sobretudo, na alçada da teoria e da prática econômica, está aí ao alcance. De fato, contrariando os prognósticos pessimistas, o cenário internacional para o resto deste ano, assumiu um ponto de inflexão. Ou seja, os riscos de recessão se dissiparam e as taxas de juros externas, parecem mais controladas. Nesse ponto, os mercados já apontam para uma queda, certamente que abaixo daquelas expectativas pessimistas. Enfim, a conjuntura econômica externa não se traduziu numa espécie de desastre esperado.

Com esse panorama, reconhece-se que não há cenário melhor para quem conta com o agronegócio como o setor mais expressivo, em termos de balança comercial. Parece ser essa a realidade brasileira, que já tem em conta um histórico de benefícios econômicos ditados pelas exportações de nossas commodities, no bojo do comércio exterior. Essa conquista, em si, tem todo seu valor meritório, que precisa ser melhor ponderado. Nesse aspecto do real vigor econômico, não cabem lentes que só fazem enxergar o agronegócio por uma perspectiva anacrônica e nociva. As diversas teses que só vêem esse setor como um contumaz agressor ambiental, são impróprias diante de inúmeros exemplos de produções preocupadas com a sustentabilidade. Essas possibilidades de equilíbrio são uma prova cabal de que existem fronteiras tangíveis de uma coexistência sadia. Não só sustentável pelos rigores da preservação ambiental. Mas também confortável pelos valores da realização econômica.

No âmago desse embate que já o defini como algo estéril, ninguém ganha, por maior que seja o argumento da cada um. Não cabe ao setor insistir em polêmicas ideológicas que só acusam o atual governo de contrariar interesses. Particularmente, aqueles que fazem o agronegócio prosperar. Também não se pode dispor toda energia num tipo de discurso generalista, que reduz os grandes empreendedores do campo como agressores ambientais. 

De fato, a relação biunívoca que se estabelece é que as partes são interdependentes. O que seria do "agro" não fossem as competentes pesquisas e inovações que derivam da EMBRAPA? E o papel das politicas públicas que concedem benefícios na forma de subsídios ou créditos diferenciados, por menor que esteja a escala de concessões hoje? Do outro lado, o que seria do Governo não fossen os resultados gerados pelo agronegócio? É preciso se manter míope diante das traduções econômicas do setor, sobretudo, aquelas derivadas da balança comercial e do impulso no PIB?

Sou aqui um simples analista, aqui inserido na missão técnica de compreender não apenas questões estruturais, busca apontar prováveis caminhos diante das circunstâncias conjunturais. Meu senso de defender o que atribuo como "oportunismo de ocasião" é de simplesmente não jogar oportunidades para o acaso. O cenário externo que agora parece ser favorável pode ser um momento adequado para se jogar o discurso para o lado e unir forças. O agronegócio e o poder público. O Brasil não cabe mais num poço sem fundo, que ainda tenta sobreviver de um antagonismo sem futuro. 

Como diria Vandré: "quem sabe faz a hora e não espera acontecer".

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