O Pentágono das Transformações Necessárias (Parte I)
As Transições Econômica, Social, Ambiental, Demográfica e Digital Pedem Passagem
No mês em que se comemora o dia especial de quem pode estar no nosso cotidiano por umas duas décadas (o professor), sigo numa inspiração geométrica para simular minhas singelas teorias, ou mesmo, discretas idiossincrasias. Talvez, meu inconsciente tenha contado com alguma luz tênue de pura consciência, para reverenciar todos meus mestres, através da transmissão do conhecimento exercida pelos que aplicaram as lições de matemática e/ou geometria.
Recentemente, no próprio espaço de opinião desta Folha de PE, usei analogia geométrica semelhante, para expor um contexto bem mais cruel praticado pela sociedade atual. Assim, tratei por definir os cinco lados de uma insana brutalidade construída e escancarada pelas relações dessa tal sociedade, que tem-se apresentado como "moderna". Diria até, que ágil como os felinos, pelo ritmo frequente exercido nas mudanças. Todavia, um verdadeiro dinossauro, nos conceitos e valores que tentam impor. Um contraste que, infelizmente, tem consagrado como resposta a estupidez, a violência e o ódio. Fica na essência disso aquele sentimento tão bem expresso pela ironia de Luiz Fernando Veríssimo, de que "o fundo do poço já se estabeleceu como uma mera etapa processual", dado o modo de viver dos brasileiros.
Para tentar compreender essa lógica reativa da sociedade atual, que envolve um padrão comportamental que mistura natureza de ser e circunstância imposta, descrevi minha tese particular: a percepção de que fomos submetidos ao "pentágono do ódio". Um status onde os conflitos gerados, pela irracionalidade de deias extremas e sem esforços consensuais, traduzem bem cada lado daquele polígono. Hoje, num modesto olhar de cronista dessa dura (e velha) realidade à moda brasileira, minha nova percepção geométrica considera o mesmo polígono de cinco lados. Só que, agora, para expor outra situação inédita. Refiro-me a um movimento que contempla cinco lados de notórias transições, pelas quais a sociedade está também submetida e que precisa saber como superar. Neste caso de se realizar a superação, somente se, a partir dessa mesma sociedade, existir um compromisso por efetivar uma genuína transformação (melhor não tratar por revolução).
Nesse contexto, meu alvo é apenas descrever um composto de atitudes, que fosse capaz de colocar o Brasil na "primeira divisão" da liga dos países que, por não negarem o papel da ciência e tecnologia, criam e inovam, sem barreiras. Por isso, é preciso apostar nas saídas sustentáveis de um desenvolvimento que se estabeleça como amplo, geral e irrestrito.
Nessa minha visão, por mais distante que se revele essa conquista, o primeiro passo a ser dado representa o ofício de um inédito pacto social, no qual se faça o reconhecimento do que chamo de "pentágono das transformações". Isso implica aceitar que estamos submetidos a cinco transições, para as quais faltam o juízo de valor sobre a importância de cada uma delas, bem como, as estratégias para que sejam alcançados os estágios seguintes. Tudo isso representa um processo complexo pela sua ordem de grandeza. Mais ainda: uma necessidade urgente e imediatista, pelo modesto prazo de validade. Sem que haja a senha de acesso às mudanças, o país estará condenado a ser um pária diante da agilidade ritmada de outras nações e a cobrança implacável exercida pelo tempo. É preciso equilíbrio nas atitudes. Agir com inteligência emocional não combina com conflitos extremos.
Sobre as 5 (cinco) transformações que partem do mesmo número de transições que está estabelecido, comprometo-me a expô-las uma a uma, na próxima coluna. Antes, porém, cravo como premissa básica a senha de oito dígitos, que será inevitável para fazer com que o "pentágono das transformações" seja assumido e aplicado: educação. Em toda sua plenitude. Sem discursos fáceis e subterfúgios.
Ouso, aqui, por pedir aos distintos leitores que não só guardem essa senha de acesso, como reflitam a respeito dela, durante a semana. Que seja essa iniciativa válida, pela mera lembrança de que essa mesma sociedade, que tanto cobra, não pactua sobre o desafio de fazê-la acontecer. E a educação segue fluída no tempo, sem a firmeza de pactos ou políticas que se mostrem efetivos.