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O Poder da Crença Precisa Ser Maior que as Encenações Políticas

A Aposta no Arcabouço Fiscal e as Incertezas que Pairam nos Mercados

Arte/Folha de Pernambuco

"Desesperar, jamais
Aprendemos muito nestes anos
Afinal de contas, não tem cabimento
Entregar o jogo no primeiro tempo." Esses versos da dupla Ivan Lins e Vítor Martins cabem bem para os momentos de nosso contexto na política e economia. Separar o joio do trigo representa um ato que está aqui representado pela necessidade de se distanciar do maniqueísmo reinante. Do antagonismo dos que jogam no ranço contraditório, de só enxergar o Brasil pelas lentes de uma singularidade irreal.

Não entendo esse referencial cabalístico dos 100 dias, seja para qual for o governo em análise. Se, para mim, partir desse princípio já significa um ritual sem densidade conceitual e pragmatismo (neste caso, pelo "modus operandi" do setor público), vale a aposta, com um pouco de paciência e crença.

No caso do tal arcabouço fiscal (um termo de difícil comunicação ou pouco midiático), por mais que a régua responsável pela medida dos cortes nos gastos não seja esclarecedora, não deixa de se traduzir numa proposta sinalizadora. Reforço essa tese em favor da crença, porque a desconfiança de muitos, em nome de um viés ideológico, é fato recorrente. Justo nesse sentido, da encenação política de membros e/ou partidos da base até os espasmos discursivos do Presidente Lula, tudo é  motivo para se imprimir o desespero. E daquele antagonismo, ainda mais destempero. Aqui, é  preciso usar a régua para controlar o desespero. 

Como o desmantelo econômico foi gigantesco e as cobranças pelos 100 dias de gestão não passam de um referencial estúpido, insisto na tese de ser cabível todo e qualquer esforço que represente o comedimento. Afinal, os problemas econômicos não costumam ser tratados e resolvidos apenas com a boa vontade da equipe. Uma dose superior de negociação política faz todo sentido. A engenharia necessária não comporta os simbolismos de se aplicar choques liberais ou heterodoxos. O Brasil é outro e precisa, acima de tudo, de muito mais entendimento. 

Nesses tempos de tantos conflitos, é preciso olhar a política econômica com total ponderação, por maiores que sejam os impulsos pelas visões do controle fiscal. O impasse está dado pelo volume de despesas com os necessários programas sociais, mesmo que o arcabouço se mostre insuficiente no seu controle. 

Assim, ninguém duvide do investimento social e a presença natural do Estado, pelo que se assistiu nos últimos anos, em termos de colspso social. Também não se pode descumprir metas que gerem mais desequilíbrios orçamentários. Atuar no impasse é simplesmente mostrar uma oportunidade em que a capacidade de ponderar existe para esclarecer e tornar os ambientes (mercados) mais tolerantes. Aqui, é preciso foco.

Como dizia nas suas crônicas Millor Fernandes: " acreditar que não acreditamos em nada é crer na crença do descrer."

Eu sigo na aposta.

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