Logo Folha de Pernambuco

O Tempo e a Economia

Fascínios, Mistérios e Desafios de um "Meio de Transporte" Ímpar e Implacável

Alfredo Bertini - Arthur de Souza/Arquivo Folha

Não consigo precisar o momento exato da intensidade, mas confesso que, nos últimos dias, tenho refletido bastante sobre o mundo e as suas formas de organização nas sociedades. Assim, num jeito de encarar a funcionalidade da engenhosa engrenagem que dá sentido as relações sociais estabelecidas, tenho atentado para uma variável ímpar e implacável. Diria que ela é uma espécie de "meio de transporte" comum a todos. Algo capaz de levar cada indivíduo para seus destinos, sejam desejados ou não. E que ainda se apresenta como um poder soberano, pelo seu modo impositivo de ser. Refiro-me aqui ao tempo. Pois é, o que se pode dizer a respeito dele, esse "senhor da razão"?

Claro que os "bilhetes" de passagem pelo transporte exercido nas faixas etárias, deixam os indivíduos mais reflexivos. E cautelosos, também. Por isso mesmo, nessa tal percepção do passar desse tempo, entre começos, recuos e recomeços, o valor que lhe é reservado, costuma se tornar caro. Não importam rugas hunanas nos semblantes. Ou instrumentos tecnológicos de aferição. O tempo segue seu rito,: ímpar e implacável.

Pegando carona nos versos de Caetano, enquanto "compositor de destinos e tambor para todos os ritmos", o tempo também fez sua parte nos modelos que interpretaram as ciências econômicas. E, no seu passar, quantas lições práticas poderam ser tiradas dele, por aplicações teóricas equivocadas ou reversão de expectativas quanto às previsões de indicadores. 

Em 2024, as experiências extraídas de um laboratório chamado de "economia brasileira" foram fartas, entre falhas e acertos. Muitos analistas erraram nas suas estimativas de PIB e outros indicadores, justo os que mostraram o lado positivo da economia. Da mesma maneira que tiveram seus acertos, com relação às desconfianças relativas ao controle efetivo dos gastos públicos. Tudo no seu tempo. De quem esteve na condução da política econômica e de quem analisou os "humores" dos mercados.

Os fascínios, mistérios e desafios do tempo sempre estão postos. Ao me inspirar, agora, na genialidade de Drummond, ainda bem que alguém teve a feliz ideia de "fatiar o tempo" por meses e daí "industrializar a esperança". Pois assim todo esse mundo, as sociedades e nós mesmos, poderemos operar o "milagre da renovação". E, assim, '"tudo começa outra vez".

Ao seguir "caetaneando" nos versos da canção, que façamos um acordo com o tempo, no sentido de que 2025 seja ainda mais próspero e auspicioso. Para a economia e toda sociedade brasileira. Desse modo, que a gente chegue ao início de 2026 com a certeza de que o ano passado de 2025, tenha mesmo passado.

Veja também

Newsletter