O tempo é lapidar para expor as contradições de políticas econômicas
Omitir as falhas é renunciar ao debate sobre o futuro da economia
A lapidação consolidada pelo tempo, se não for um ingrediente vital do que pode ser tratado como juízo final, pode ser capaz de exercer uma autonomia soberana sobre o sentido das nossas contradições. Ou seja, diante de dadas contraditas que resultam de acertos e erros, surpresas e decepções, resta considerar o que me parece como implacável para a vida: a experiência. Ao lado dela, com pompa e circunstância, o tempo se impõe numa condição de instrumento da razão.
De fato, julgo que a experiência é uma das raridades infalíveis. Por assim dizer, falhas são precisamente as diversas opiniões que se formam a respeito dela. Afinal, a experiência é fato vivenciado, uma vez que não resulta de uma criação formulada para consecução do seu simples propósito. Enfim, quem insiste em admitir que jamais errou é porque foi incapaz de experimentar e discernir entre o sim e o não, ou mesmo, entre as próprias contradições proporcionadas pela vida. Desse modo, dá-se às costas para a experiência, muito embora o tempo possa mostrar as falhas deixadas pelo caminho.
Por tudo Isso, o valor extraído das lições promovidas por experiências as mais distintas, revela-se como algo caro. Até mesmo inacessível para quem queira aprender com ela, mas sem deixar de lado um repertório de tolices, que nos dias de hoje tem sido objeto tão comum. Em especial, pelo viés político de ideologias que, mesmo diferentes, comprometem a estabilidade econômica e se propagam de modo errôneo e tendencioso nas redes sociais.
Como já usei esse espaço da coluna, para expor minha firme discordância com relação aos desencontros da atual equipe econômica na formulação das políticas, tentarei mantee meu esforço de ponderação. Agora, no sentido de entender um momento econômico do passado e daí trazê-lo para comparações, ante as projeções de liderança do principal candidato de oposição. Por isso, parece-me defensável a tese de trazer à baila a real dimensão da experiência. Dela, poder entender os avanços e equívocos da política econômica, para depois avaliar se haveria espaços para reimplantá-la. Caso não, até que ponto os erros têm sido considerados, em nome de uma ponderação analítica.
Em resumo, num eventual novo governo de Lula o cenário político e econômico atual tem conexão com o de 20 anos atrás? Seu governo repetiria a mesma fórmula da sua primeira gestão? Ou partiria para uma proposta diferente, como foi configurada na segunda gestão?
As respostas dirão claramente o que a experiência pode agregar ao atual embate eleitoral. Ou será que as lições daquele passado não estão bem assimiladas?
A extensão desse repertório político, que hoje agrega delicadas questões socioeconômicas, não me parece tão simples assim. O desafio futuro poderá trazer equívocos de interpretação e surpresas. Assim, assumo que terei muito "pano para manga", nesse meu novo incitamento analítico. Afinal, o tempo é lapidar para expor eventuais contradições. A partir do que ele nos ensina, evidenciar as falhas é contribuir para que o debate esteja à luz do que a democracia preconiza. Valerá à pena minha tentativa.