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O viés econômico da cultura

Ilustração: Greg/Folha de Pernambuco

Fiz um mês de coluna e ainda não tratei do tema Cultura. Já fui "cobrado" disso por alguns interessados que mantinham expectativas nessa direção. Assim, resolvi trazer o tema à reflexão econômica nesta semana (hoje e sexta), com o devido equilíbrio analítico. Nem 8, nem 80.

Muito antes dessa onda devastadora da pandemia, sobre a nossa saúde pública e, por conseguinte, todas as atividades econômicas, que tenho me manifestado, reiteradas vezes, sobre o papel da Economia na Cultura. Entre livro publicado e muitos artigos e palestras, foram 12 anos de exposição permanente e exaustiva, sobre esse entendimento ainda pouco assimilado. Costumo dizer que uma  espécie de atributo 3D tomou conta desse contexto: desconhecimento, desinformação e desinteresse.

De fato, esse "mundo 3D" atua conjuntamente e se reflete numa espécie de triângulo, que pode bem caracterizar os agentes envolvidos em cada vértice: i) os que fazem a cadeia produtiva engrenar (todos empreendedores com seus colaboradores); ii) os que fazem as politicas públicas atuarem (as estruturas orgânicas das três esferas governamentais); e, iii) os que têm na propensão a consumir uma diversidade cultural tão grande que não cabe no Brasil (os que fazem a demanda da  sociedade).

O que se pode extrair em comum, do que expus até aqui, sob o ponto de vista da Economia, representa uma dura realidade: a pouca importância que se dá à Cultura, na sua capacidade de gerar empregos e rendas.

No próprio setor cultural há a desinformação, posto que muitas das suas atividades, por não saberem tratar os indicadores do seus negócios, perdem a substância econômica. Da sociedade, o que se vê é um total desconhecimento desse valor econômico, pois lhe parece que a ideia fixa de lazer, que o ofício pode ser capaz de proporcionar, tem o mesmo sentido para quem mobiliza fatores de produção, conforme se efetiva em qualquer atividade. E, no caso dos Governos, percebe-se que há um desinteresse em fazer da Cultura um vetor econômico para o próprio desenvolvimento socioeconômico  sustentável.

Seguirei a análise deste ponto, na próxima sexta-feira.

ENERGIA > Após tratar aqui sobre o mercado livre de energia elétrica e enaltecer seu papel em tempos de crise, pela sua contribuição na redução dos custos, um estudo realizado pela Câmara de Comércio da Energia Elétrica (CCEE) acabou de anunciar que na matriz energética brasileira, a fonte eólica é a mais barata. Em 2019, a tarifa média foi de R$ 195 o megawatt/hora.

DECADÊNCIA FLUMINENSE> O declínio econômico do Estado do Rio de Janeiro é o outro lado da moeda da sua falência política. Apesar da pandemia agravar sobremaneira esse contexto, vale dizer que os indicadores da economia fluminense já se mostravam periclitantes. Considerada a variação média anual do PIB entre 1996/2017, o RJ apresentou o pior crescimento médio entre as 27 Unidades Federativas. E, durante a pandemia, o nivel de atividade que compara o segundo trimestre de 2019 com o segundo trimestre de 2020, aponta para um dos cinco piores registros entre as Unidades Federativas.

CONFLITO AMBIENTAL> Outro nível de conflito envolve a questão da política ambiental brasileira, além dos inúmeros aspectos técnicos de divergências.  Refiro-me ao aspecto politico que põe o governo na chamada "sinuca de bico". Se sustenta sua base ideológica convencional terá que enfrentar problemas diplomáticos e de comércio exterior, além  da pressão de agentes econômicos internos, agora afinados ao "capitalismo sustentável". A conferir.

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