Para Tirar dos Papéis e Bolsos
A Ousadia Necessária para a Definição de um Modelo de Custeio da Natureza
De passagem pelo encanto que se traduz no recanto natural chamado, apropriadamente, de Bonito, no Mato Grosso do Sul, não poderia deixar de tratar sobre a importância da preservação ambiental. E aqui a destaco, para efeito de considerar o tema como algo essencial, considerados quaisquer modelos que planejem uma base de desenvolvimento socioeconômico, que se defina como sustentável.
Se nessa essência referencio e destaco todo um compromisso que parte da maioria de sociedade bonitense, em torno do discurso e da prática sustentável, é de se lamentar o que tem ocorrido em zonas próximas da cidade. A questão crucial está na reincidência, muitas vezes criminosa, de uma prática agressiva ao rico e diverso bioma do Pantanal. A evidência das queimadas é algo assustador, não só pelo que essa situação se revela em si como uma consequência trágica. É também pelo desleixo de uma política ambiental ainda muito frouxa nas decisões políticas e atitudes cidadãs.
Quero dizer com isso que o discurso tão efusivo do preservacionismo parece nunca sair do papel. Soa como uma espécie de ato contínuo, que se sustenta sem limites, a pouco mais de um ano da trigésima Conferência da ONU sobre mudanças climáticas. Justo o evento que irá ocorrer, em 2025, no solo brasileiro, na encantadora Belém (PA). Enfim, mais uma agressão ambiental, que se projeta na véspera da chamada COP 30, quando os pilares do mundo estarão fixados noutro dos seis biomas da nossa diversidade ambiental - a Amazônia.
E o danado disso tudo é que o tema não pede apenas que seja tirado do papel. De fato, é preciso também tirar do bolso outras iniciativas, que possam contribuir para o custeio de uma natureza, capaz de ser digna da sua real essência de preservação. Se as ciências econômicas exigem hoje uma consciência favorável para conceituar e definir estratégias que levem à rota do desenvolvimento, parece logico que isso careça de financiamento.
Nesse sentido, não menos lógica é a ideia de se exigir dos reais agressores suas contrapartidas. Não se trata apenas de um sentido compulsório, que valide eventuais perdas físicas. Está cada vez mais clara uma forma de imposição reparadora, como fluxos contínuos de investimentos.
O planeta do Século XXI é outro e pede clemência para continuar gerando para os humanos mais oportunidades.