Políticas e Negócios Audiovisuais
Engana-se Quem Não Entende a Cultura como Setor Econômico Estratégico
Concluímos na última quarta-feira as atividades de Seminário & Mercado do Festival Cine PE, que tratamos como TELA - Tendências, Entretenimento, Linguagem e Audiovisual. Ainda envolvido pela receptividade e pelo sucesso do evento, vale destacar que, muito do que lá ocorreu, reproduziu bem, como uma amostragem significante, o que hoje representa o dinamismo econômico e o posicionamento estratégico do audiovisual.
Faz duas décadas que me empenho para difundir toda dimensão econômica desse setor. Pela grandeza de uma cadeia produtiva que, mesmo comprometida com as inovações mais avançadas, gera postos de trabalho e rendas. E também pelo sentido de uma identidade cultural que, apesar de golpeada na sua essência, resiste bravamemte para se consolidar como estratégica num modelo sustentável de desenvolvimento.
A programação dos seminários construída para o evento foi enfática nessa proposição econômica. Apesar do 3D do desconhecimento do valor econômico, da desinformação derivada da fragilidade estatística e do desleixo das politicas públicas, foram apresentados registros e números que ratificaram toda ordem de grandeza do setor. Mesmo que considerado o vetor resultante do D da desconfiança, o audiovisual representa o setor mais representativo do que podemos chamar de PIB cultural, mesmo na ausência de uma mensuração oficial. Eis aí o exemplo devma economia moderna, que gira em torno do eixo de mundo digital avassalador, apoiada em instrumentos desafiadores como o tratamento dos algoritmos e a Inteligência artificial. Nada tão condizente com a realidade cotidiana.
Por outro lado, a evidenciação de que o conceito por posicionar o setor como estratégico, tem na discreta essência da identidade nacional sua razão maior. No rigor conceitual, um país sem traços identitários não carece de ser visto como uma nação. Não tratar a Cultura por esse viés político, é o mesmo que retirar de qualquer país o seu mais sutil sentido de soberania. É por essa razão pétrea, que assistimos diferentes intenções de empreendedorismo cultural, que sob a égide das políticas públicas, viu-se por revelar "diferentes brasis", pelas lentes criativas dos realizadores audiovisuais. Juntar as partes do mercado, por meio de ofertantes e demandantes de conteúdos audiovisuais, representou um exercício digno para se construir os ambientes de negócios.
Afinal, por mais que haja o ofício do controle quanto aos excessos, parece mesmo que entramos firmes no contexto da multiplicação das telas.