Prever o Futuro Depende do Bom Entendimento do Passado
A Execução de Planos Econômicos Precisa Relevar as Questões Ambientais
Ter passado por Belém do Pará, no meu recente retorno de uma viagem aos EUA, fez-me lembrar do compromisso brasileiro de fazê-la sede da tal COP 30, aquela convenção das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas, a ser realizada em novembro/25. Mais do que passar pela cidade, sentir um calor extenuante além do seu normal, tudo isso me fez lembrar das pautas de transversalidades envolvidas por esse tema ambiental. De fato, nas circunstâncias dessas adversidades climáticas, qualquer plano de desenvolvimento que se proponha sustentável, faz-se necessário encarar que essas são questões prioritárias, influentes mos rumos da nova ordem econômica mundial.
Acostumamo-nos, por longos períodos, a tratar os planos econômicos não só de modo superficial, mas com olhares de negligência no encarar as questões estruturais. Por isso, creio que por mais que haja alguma resistência técnica no pensar fora do imediatismo, além da extravagância negacionista em cima tudo que exale ciência, o dilema ambiental é a mais dura das realidades. Um fato que põe sob revisão, até mesmo os princípios econômicos basilares.
Como mero exercício para esse meu argumento, deixo evidente que importa discutir se a inflação vai ficar fora da meta, porque o preço dos combustíveis fósseis, que faz girar nossa economia, poderá sofrer algum choque. Mas, no bojo da discussão que se faça em torno disso, parece-me hoje bem mais relevante saber se vale à pena a PETROBRAS insistir no atual padrão de seus investimentos, quando os sinais da matriz energética ditada pelo mundo, exigem que se reveja essa forte dependência do carbono. Ou seja, a essência do debate precisa ser revisada, sob pena de brutais perdas econômicas num futuro tão ao alcance.
Nesse mesmo ritmo, observo que há toda uma preferência na análise crítica sobre a possibilidade da economia neste ano, em relação às conquistas de 2023, desacelerar o suficiente para alcançar um PIB menor. Nem me refiro aqui ao fato de que os principais indicadores macroeconômicos ainda não dão sinais de sustos preocupantes. Frustrante mesmo é se recorrer nessa análise às motivações por recuos de investimentos que justifiquem a perda de ritmo. No meu entender, perde-se a oportunidade de se discutir o tema de modo qualitativo, no sentido de saber que investimento que se quer para uma economia sustentável. Francamente, não observo isso no eixo das discussões. Até percebo que alguns setores da administração pública parecem pouco interessados em buscar essa mudança de protagonismo.
Enfim, não quero apenas lembrar que estamos à porta da COP 30, quando por sermos sede do evento, estaremos bem mais sujeitos às cobranças sobre os compromissos firmados, que não só responsabilizam o setor público, como os agentes privados. Destaco que no PPA recém lançado, entre tantas transversalidades expostas, há muito por se fazer na alçada ambiental.
Os planos de desenvolvimento não são capazes de prever o futuro, mas mostram os caminhos necessários às transformações pelo bom entendimento dos erros e omissões passados. Por um mundo melhor, é preciso não perder de vista as responsabilidades por isso, nem muito menos os desafios cabíveis.