Saúde pública e prioridade na política econômica
Uma das atividades que destaquei aqui na coluna, quando tratei dos novos cenários econômicos ditados pela pandemia, foi o papel dos investimentos em Saúde, sobretudo, no que concerne às políticas públicas. É claro que esse segmento representa a questão analítica mais imediata, naquilo que a gente pode chamar do novo pensar em Economia, pelas próprias lições que podem ser extraídas dessa crise sanitária. Afinal, a evidência da pandemia trouxe significativos impactos econômicos diretos (na cadeia produtiva da Saúde) e diversos outros indiretos.
Apesar da extensão da crise ter sido algo imprevisível para qualquer esforço de planejamento público ou privado que tenha sido considerado, os desacertos de oferta e demanda pelos serviços de Saúde têm sido um fato. Há muito aprendizado para ser levado em conta.
Ao concentrar aqui meu interesse nos investimentos públicos, há alguns aspectos por considerar. O maior deles foi constatar que a ausência de planejamento e coordenação para enfrentar os desafios e saber como se livrar deles se traduziu como uma ação reflexa. Mesmo com toda experiência positiva do SUS de ser o agente "de ponta" e "da ponta", uma dose de importância menor para os investimentos públicos em saúde preventiva explica toda uma "cultura" de se dar as costas ao planejamento.
Não destaco aqui "latu sensu" somente os gastos diretos e efetivos e muitas vezes pouco eficazes. Vou além, agregando a essa visão estratégica uma atividade vital como o saneanento básico. Ou seja, todo um complexo de atividades precípuas à eficácia da saúde pública no Brasil, que tem um tratamento político de negligência.
Diante disso, a lição maior que se extrai da crise é, de modo geral, encarar a Saúde como prioridade. Menos proselitismos políticos e mais contribuições técnicas e científicas. Menos de uma visão estreita de ações isoladas e mais na amplitude de ações articuladas, intersetoriais. Exemplo: planejar a demanda por transportes coletivos é também uma ação de saúde pública. Fica a lição.
PROJEÇÃO DO PIB> Após um desempenho acima do esperado no trimestre março/junho, a projeção para crescimento do PIB brasileiro, conforme algumas análises do mercado, oscilou na direção de uma queda de 5%. Para uma situação inicial, na qual se projetava uma redução de até 7,5% no nível de atividade, esse novo contexto serve de alento. Se o desenho gráfico em "W" for mesmo defensável, ainda é cedo para comemorar alguma provável simulação para menor. O desenlace da situação de fragilidade extrema das contas públicas, pode manter essa expectativa ou até piorá-la.
AÇÚCAR> Com um crescimento de mais de 400% em relação ao mesmo período do ano passado, o comércio de açúcar com a China voltou ao nível de colocar esse país como o principal comprador do produto brasileiro. Isso se deu após a superação de instabilidades no acordo comercial e de certas denúncias junto à OMC. Mais um elemento novo que reforça a tese que conflito político com os chineses não se traduz em bons negócios para a economia brasileira.