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Nem 8, nem 80

Segue a Inércia no Conhecimento e na Informação

Alguns Sintomas Recentes da Ignorância sobre a Economia do Intangível

Alfredo BertiniAlfredo Bertini - Rafael Melo / Folha de Pernambuco

Em diferentes direções, as boas evidências econômicas sobre o Carnaval de 2025 e o produto audiovisual "made in Brazil", reafirmaram a expressão de produtos que bem evidenciam seus espaços, nos ambientes do intangível.

De fato, apesar das demonstrações de resultados econômicos, não há como negar uma dose considerável de persistência, que faz com que setores como turismo e  cultura (aqui citada, por meio do audiovisual) não sejam encarados com a devida grandeza. Ou seja, uma parte da sociedade insiste na percepção de que fazer entretenimento  e executar atividades culturais, enquanto "lazer" para quem consome, tem igual significado para quem produz. Exercem alguns a ignorância de que fatores de produção são mobilizados. Mesmo que, entre esses, tenha-se em conta o conhecimento e a inovação tecnológica.

Para esse meu propósito,  de frente, encaro o contexto produtivo do turismo e tomo como referência o Carnaval. Para esse setor econômico, até que se deve registrar alguns avanços, públicos e privados, no entendimento da sua capacidade de gerar empregos e rendas. Penso que os problemas já estão noutra dimensão, não menos preocupante. Por não se ter informações, tecnicamente, confiáveis  sistemáticas e efetivas, ficam no ar números muitas vezes irreais. Não há um cuidado no tratamento dos mesmos, sequer diante da prevalência de outros tantos que com aqueles não se afinam. É tanto turista estrangeiro num só evento, que esse registro contradiz a rigidez dos 6 a 7 milhões de turistas, cuja barreira é histórica por si só. E do jeito que os números são postos, não duvide o leitor que se tenha uma quantidade tão grande de turistas, que não há unidades hoteleiras suficientes. E não me parece lógico que esse excedente gerado fique longe de recorrer à oferta hoteleira. Enfim, é preciso equilíbrio para tratar desses números. 

Outro aspecto do reforço ao desconhecimento e a desinformação extraio do setor cultural, mais precisamente, do audiovisual. Embora pressinta que a exposição midiática do filme AINDA ESTOU AQUI já tenha gerado alguns olhares diferenciados, ainda há quem trate o produto econômico do audiovisual, como algo de irrelevância. Mesmo que diante de um viés ideológico, capaz de contribuir para a sociedade se manter com a desinformação e o desconhecimento, um preconceito velado tem dado um tom extra sobre a ignorância relativa aos valores econômicos do setor audiovisual. Um exemplo recente foi a divulgação de uma operação do BNDES, que favoreceu a uma das produtoras mais importantes do país. Retirar o mérito do negócio e fazer do setor um alvo menor das políticas públicas de fomento, é uma atitude preconceituosa, de quem não sabe sobre as estratégias atuais de desenvolvimento. Afinal, como qualquer outro empreendedor, o produtor audiovisual precisa ter acesso às linhas de fomento e, com garantias e/ou entregas, contribuir para gerar resultados, na forma de empregos e rendas. Igual aos demais agentes econômicos que usufruem dessa oportunidade.

Um detalhe final sobre esse setor: em tempos de se operar numa economia sustentável, reconhecer a cultura como agente dinâmico e catalisador representa uma nova realidade.

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