Segue o Mistério da Riqueza das Nações
Novo Nobel de Economia Revela Mais um Olhar Sobre a Desigualdade de Renda
Desde quando Adam Smith, em 1776, lançou "A Riqueza das Nações", que ficou como um fato convencionado o registro da Economia como ciência. Para os que assim bem entendem e, de certa forma, até mesmo para os que contestaram os princípios que compuseram os pilares daquela obra: livre iniciativa, divisão do trabalho e lucro.
Numa análise prospectiva dada a partir desse marco, vale ressaltar que o cerne da questão nunca esteve apenas vinculado às controvérsias ideológicas. Na essência, o que ficou também daquele registro foi o interesse científico por buscar as razões que levam algumas nações serem mais ricas do que outras. Ou seja, o grande mistério que envolve tanto as pesquisas efetivadas, quanto os conhecimentos difundidos e assimilados, sempre esteve ligado à diferença no processo de acumulação da riqueza. Assim, se aqui inverto o sinal, digo que o enigma está no desvendar os porquês das desigualdades. No argumento de mirar para a maioria, por que poucas nações ricas e tantas outras pobres?
O interessante é que no desenrolar de quase três séculos depois daquela obra, o tema se mostra atual e com respostas as mais distintas. E mais: a recente outorga do Nobel de Economia foi dirigida a um trio de economistas, acadêmicos de duas grandes Universidades americanas (MIT e Chicago), que juntos foram buscar nas origens das colonizações as explicações. Ou seja, que as razões das nações acumularem riquezas de modo tão desigual, têm fundamentos ainda anteriores à tese smithiana. E que questões institucionais fazem parte das variáveis dispostas nos modelos de análise.
De fato, o Prêmio Nobel de Economia deste ano acabou de ser concedido para o turco-americamo Daron Acemoglu (MIT) e os britânicos Simon Johnson (MIT) e James Robinson (Chicago University), justo por suas análises inovadoras sobre as desigualdades econômicas entre as nações. Na essência, eles se detiveram nas razões pelas quais as instituições têm moldado o desenvolvimento econômico ao longo da história. Ou seja, seus trabalhos lançaram algumas provocações sobre como as instituições políticas, econômicas e sociais têm influenciado o ritmo do desenvolvimento socioeconômico de países diferenciados. Sem perder de vista um foco direcionado para às origens, ainda da época das colonizações, vale dizer que as pesquisas já destacam a importância de estruturas inclusivas, exatamente, pelo interesse de se promover o crescimento sustentável e o ideal de prosperidade. Até mesmo a estabilidade democrática é variável relevante.
Enfim, um digno reconhecimento meritório e bastante atual, se aqui a gente considerar a rigidez da permanência desse tema por tanto tempo. Na essência, a onipresença da desigualdade de renda pelo mundo segue como um mistério sempre por desvendar. E ainda há quem não queira enxergar esse contexto, ao apostar na irrelevância dos preceitos atuais da diversidade, sustentabilidade e democracia.
E como diz o velho provérbio: "há gosto para tudo, inclusive, o mau gosto".