Sinais de Alerta da Economia Internacional
Trump, G20 e COP 29: Cenários de Expectativas e Preocupações
Mesmo que a economia brasileira esteja ainda à mercê do que irá acontecer, como consequência do anúncio das medidas de controle fiscal, outros momentos de insegurança com relação ao futuro, emanaram de alguns eventos externos. Da eleição de Trump, passando pelos debates do G20 e da COP 29, tudo tem acontecido sob o clima de expectativas e preocupações.
Se as razões do retorno de Trump, a princípio aquelas de essência política, sozinhas podem causar espanto e desconforto, suas proposições econômicas parece que não serão tão diferentes. Ou seja, não basta por si só um governo cujo comando põe em risco as instituições democráticas e atua na contramão da diversidade e sustentabilidade. O ponto que complementa tal postura é um plano econômico protecionista (que aqui contradiz as teses liberais), que só Trump e sua tropa não enxerga que põe sob risco o crescimento, os juros e a inflação. Um contexto provável que pode desencadear efeitos similares em inúmeros países, sobretudo, os que mantêm uma relação comercial mais intensa com os EUA.
Outro sinal de alerta vem de duas situações institucionais que, pelo menos, põem em discussão o tema do desenvolvimento sustentável, paradoxalmente, algo fora do interesse do próximo governo de Trump. Refiro-me aos eventos do G20, no Rio de Janeiro, tal como, a COP 29, em Baku, no Azerbaijão.
Nos ensaios de preparação desse encontro do G20, sob a presidência brasileira, o tema em si é autoexplicativo: Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável. Nesse contexto, o Brasil ainda propôs como prioridades no debate: inclusão social/combate à fome, desenvolvimento sustentável/transição energética e revisão da governança global. Mas, pela posição ideológica antagônica de alguns e até mesmo o desleixo de outros, o que se percebe é que os compromissos têm avançado, timidamente. Nem mesmo uma unidade latino-americana parece alcançável, quando Brasil, México e Argentina, não estão alinhados em bloco e até exercem estratégias políticas diferentes.
Quanto à COP 29, nada tão diferente do que descrevo aqui. Em tempos cruéis de eventos climáticos extremos (Porto Alegre, Valência e os furacões arrasadores dos EUA), que fazem validar a importância de acordos compensatórios pela compra de créditos, junto aos países que cumpriram suas metas de redução de carbono e, em complemento, mais aportes financeiros para os países mais pobres, os sinais de evolução nessas paradas parecem mínimos. Afinal, o que Trump é capaz de enxergar com relação às mudanças climáticas é tratá-las como uma "fraude ideológica" e daí seguir na sua utopia deletéria de só apostar nos investimentos em combustíveis fósseis.
Nosso velho mundo continua sem rumo e prumo. E assim a economia brasileira ficará à mercê dessa insegurança.