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Sintomas econômicos no xeque-mate político

Dores de cabeça e receituários de superação

E quando se quer apostar com essas peças do xadrez, a rota para o xeque-mate fica traçada - Freepik

Aproxima-se o fim de um ano cuja agenda econômica ainda está pautada por contradições, conflitos e incertezas. A pressão política que parte de agentes de distintos mercados e do próprio Parlamento tem sido exaustiva para o Governo. Bem maior que a do ano passado. Que o diga o próprio Presidente Lula, que até abriu mão de desacelerar o ritmo de trabalho e por sua saúde em dia, após sofrer um traumatismo na cabeça em acidente doméstico. As dores políticas têm sido mesmo fortes.

De fato, nesse painel de tensões, de dores de cabeça generalizadas, há um xeque-mate político em evidência, que precisará elucidar as devidas sinalizações sobre os rumos econômicos em 2025. Mesmo com os altos e baixos medidos pelo desempenho recente da economia brasileira, há um diagnóstico político que se refere a um processo inflamatório, dado por espasmos em forma de expectativas incertas e males recorrentes. Ademais, por trás do humor dos mercados estão dois temas polêmicos: o pacote de contenção dos gastos e a disposição contraditória por se gastar ainda mais, com a liberação das emendas parlamentares. 

Nesse mal-estar, nota-se que, parte do Parlamento, parece não querer assumir sua missão curativa. Desse jeito, não há como irrelevar a incoerência de se sobrepor interesses paroquiais acima dos nacionais. Outra enfermidade está por desacreditar na saúde favorável de alguns indicadores, na forma de também se mirar para o crescimento e a melhora no binômio desemprego/pobreza. No entanto, o grau de incertezas criado pelo momento político só tem colabora com o boletim diário das preocupações. Nem valeu aqui a melhora da postura diplomática dada pela boa evidência, justo daquilo que partiu como iniciativa brasileira, nos episódios do G20 e do acordo MERCOSUL com a Comunidade Econômica Europeia. Enfim, a derme política só agudizou a economia.

Claro que é preciso também moderação com esse paciente. Afinal, o clima real que emerge da economia só foca na questão fiscal e todos seus efeitos. E quando se quer apostar com essas peças do xadrez, sem olhar para outra direção, a rota para o xeque-mate fica traçada. Assim, a descrença de muitos agentes na proposta governamental de se controlar o deficit só aumenta. Por mais que haja a intenção de controlá-lo, taxa de crescimento sem margem de capacidade ociosa e com gastos públicos crescendo numa taxa superior, são indicativos que se somam à própria desconfiança. Mexe com o sistema de preços, porque se veem afetados o câmbio e os juros. Estimula o apetite de quem está no lado contrário do espectro ideológico. Nutrição para mais descrenças.

O ideal seria moderar nos tratamentos de choque, aqueles mais habituais para os extremos. Mas, nada garante.  O ano apenas promete.

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