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Tempo para Dosar o Ritmo

A Imperiosa Decisão de Por a Marcha Noutra Trilha

Alfredo Bertini - Arthur de Souza/Arquivo Folha de Pernambuco

Por um motivo especial e pelas consequências que uma boa reflexão nos oferece, tomo a liberdade de tornar pública uma decisão pessoal. Por isso mesmo, peço desculpas aos leitores que aqui esperavam por alguma análise econômica, justo pela necessidade de tratar hoje de algo bem diferente. Permitam-me, pois, essa mudança de rumo.

Ontem, fez 3(três) anos que iniciei aqui na Folha esta coluna, publicada às quartas e sextas, no caderno de economia. Uma tentativa discreta e até despretensiosa de exercer uma crônica econômica equilibrada, condicionou-me a aceitar o generoso convite do Presidente Eduardo Monteiro, para ocupar tão relevante espaço midiático. 

Em plena pandemia, pude constatar que, a oportunidade concedida, foi um verdadeiro bálsamo diante daquela realidade. E vale dizer que ainda me fez muito bem, emocionalmente. Assim, a intuição de que precisaria tirar o melhor proveito de tal situação, parece-me estar ainda mais fortalecida agora. Afinal, havia tomado uma decisão por escrever com  plena responsabilidade, dentro de um certo patamar de tolerância. Comigo mesmo, pela disciplina necessária ao ofício de uma escrita, que pusesse em prátia minhas opiniões, sempre com a devida clareza. E com toda consideração por um público especial, que passou a me acompanhar e até estimular. 

Acontece que tudo nesta vida tem seus limites e suas incertezas, por mais que - às vezes - não queiramos apostar nas idiossincrasias confltantes que nos roubam a cena. O importante nessas horas é saber aceitá-las e assumi-las. Mais ainda, quando a gente se revela também condicionado a diminuir o ritmo, ou mesmo, recuar. Como diria a extraordinária Cora Coralina: "entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar, vale descobrir, no caminho incerto da vida, que o mais importantes é mesmo o decidir".

Por crer nessa força decisória que nos cerca, minhas recentes reflexões me levaram a decidir que preciso desacelerar, dosar o ritmo, revisar as sinapses nos seus impulsos mais desgastantes. Enfim, fazer um certo nível de ressuprimento, para atualizar meu estoque de ideias  diante da avalanche dos novos conhecimentos. É o momento maior da humildade necessária, para seguir renovado com a marcha planejada. 

Nesse contexto tão pessoal que aqui expus, decidi por comemorar os três anos desta coluna, com o anúncio de que irei reduzir o ritmo. Peço licença à direção da Folha e, por extensão, aos leitores que têm me tolerado neste espaço, para publicar, a partir de setembro próximo, novos conteúdos. Só que nas sextas-feiras. Farei isso com o mesmo esforço que dediquei até o presente, sempre a favor da ponderação. Bem ao estilo da titulação da coluna  Nem 8, nem 80. 

Guio-me, assim, pela cartilha das frases apoteóticas e geniais de Nelson Rodrigues: "não importa a circunstância, nunca será um até sempre, mas um até mais". Quem sabe se essa marcha mais lenta não se revele como um mero hiato, apenas para testar meu agora cansado vigor cognitivo. O meu próprio tempo dirá.

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