Vecchi esempi dall´Italia al servizio della realtà brasiliana
Isso mesmo. Ao pé da tradução, irei tratar aqui de alguns velhos exemplos italianos que teriam servido à atual realidade brasileira. Claro que faz muito sentido toda essa minha ideia inspiradora, sobretudo, pela força contributiva dos "oriundi" para nossa identidade nacional.
Com a devida licença dos Cavalcanti, os pioneiros que constituíram família aqui em PE, quando nos anos 60 do século XVI, o nobre florentino Filippo casou com a filha do Governador Jerônimo de Albuquerque, sou mais um discretíssimo integrante dos 10% a 15% dos brasileiros que descendem dos imigrantes, que aqui aportaram em massa a partir de 1870. Independente qual seja a dimensão estatística, junto-me muito mais nos entendimentos e nas consequências dos marcantes valores econômicos, sociais e culturais semeados e colhidos pela maior "nação italiana" constituída fora do solo europeu.
Os últimos dias me trouxeram de volta essa luz italiana. Primeiro, porque assisti ao documentário "Legado Italiano", da diretora Márcia Monteiro. Recomendo-o, muito além da satisfação dos "oriundi", como uma lição histórico-cultural dos quase 150 anos do marco imigratório.
Depois disso, porque recebi do amigo e bom mineiro Afonso Borges, uma mensagem emblemática sobre o tradicional restaurante paulista, "Famiglia Mancini". Em resposta à crueldade moderna, que tem-se propagado na forma de "fake news" algoritimizadas nas redes sociais, o mantenedor desse "paço dos prazeres gastronômicos", esbanjou sabedoria com suas lições de enfrentamento dos problemas socioeconômicos causados pela pandemia. Não bastasse o fato de alguns perderem tempo com bobagens que negam a verdade científica, ainda se dedicam a transmitir o fim de alguns negócios com um certo "prazer mórbido". Isso para passar a imagem de uma quebradeira debitada às restrições de convívio social, por conta das necessidades que têm as autoridades sanitárias locais de controlarem o risco de colapso na saúde pública.
A trajetória de vida e a forma de subsistência desses imigrantes são aspectos que me remetem a uma análise preliminar e geral sobre alguns ensinamentos da genética italiana, presente em milhões de brasileiros. Pelo menos quatro atributos temporais me vêm à mente: resistência (pela evidência do passado), determinação (pela vontade de construir o presente), trabalho (pelo meio de fazer o presente acontecer) e empreender (pelo olhar para o futuro).
Mantido tal raciocínio, esses valores puderam também ser vistos na escala individual, como na própria reação de Walter, diante das adversidades provocadas pela pandemia. Sua decisão foi de encarar o desafio e não de questioná-lo por algum argumento, mesmo que defensável. Na emoção passional do italiano raiz, ele foi à luta, sem perder a solidariedade com os parceiros que fazem a força do seu negócio. Mesmo às custas de endividamento, sustentou no nivel mínimo possível os postos de trabalho e ajustou sua operação comercial à nova realidade. No seu espaço empresarial, foi um agente social que reconheceu a prevalência da saúde pública, apesar das dificuldades econômicas.
A modesta lição daqui não seria diferente do que se viu por lá, no solo italiano. Pela tal genética, a resiliência e o trabalho prevaleceram, embora que respeitadas as condições sanitárias adversas. Depois de uma primeira onda devastadora da pandemia na Itália, dada pelo próprio desconhecimento inicial da transmissibilidade da doença (que levou a um certo desleixo no combate), o enfrentamento adquiriu outro rigor diante da segunda e agora a terceira onda. Claro que a Itália não representa a melhor referência, diante do exemplo pontual como o da Grã Bretanha. Mas, seu esforço de enfrentamento das crises causadas pela pandemia traz muito daquela identidade. Planejamento, campanhas de esclarecimento, assistência social aos vulneráveis, testagens e plano de imunização fizeram parte da agenda, sem climas para negacionismos e rompantes políticos. Tudo isso, levando-se em conta um contexto maior que tira do governo italiano uma autonomia plena. Afinal, muitos aspectos correlatos ficam à mercê das decisões da Comunidade Européia.
Fico com a sensação de que o pouco de Itália que existe em nós, poderia ter contribuído com outra trajetória, que não fosse o fiasco da política de combate à pandemia.
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