A primeira infância e a construção civil

Programas públicos de habitação e urbanismo precisam desenvolver um olhar voltado às crianças

Áreas de lazer infantil têm um poder cada vez mais relevante - Freepik

Normalmente, quando pensamos em políticas e ações para as crianças, primeiro lembramos de questões da educação, ou da saúde, ou do sistema socioassistencial. Contudo, outra área fundamental para a vida humana é a moradia. Morar na casa própria, com acesso à água potável, esgotamento sanitário, infelizmente ainda é um sonho para muitas famílias brasileiras.
Portanto, programas públicos de habitação e urbanismo podem e devem contemplar o olhar prioritário para equipamentos que visem o cuidar da primeira infância. E esta parece ser uma estratégia onde todos podem sair ganhando. 
Ganham as crianças e as famílias pela intervenção direta, mas, com certeza, ganham as cidades, que se beneficiam do investimento geracional. E ganham também as construtoras que podem oferecer um produto ainda melhor, com parques e praças esteticamente mais bonitos, com manutenção mais barata e que certamente atraem um público que deseja o seu produto.

Espaços de lazer

Áreas de lazer infantil têm um poder cada vez mais relevante. Além de promover as interações, incentivam a ocupação dos espaços, o que torna o ambiente mais seguro, mais dinâmico do ponto de vista social e econômico. 
Hoje, elas também são uma das contramedidas mais importantes para combater o uso excessivo de telas e redes sociais, grandes vilãs da saúde mental e desenvolvimento cognitivo de nossos jovens. Permitem o movimento, que além da contribuição para o físico, também afasta dos maus hábitos tecnológicos, que podem estar causando um crescimento de transtornos mentais, como a ansiedade e depressão.
Indo além, o segmento da construção civil tem uma relevância econômica substancial, pois é um dos que mais emprega nas regiões mais pobres do país, no Norte e no Nordeste. É uma indústria que pode chegar rápido a qualquer região, porque não exige qualificações muito especializadas, costuma “formar em serviço” e tem demanda reprimida em todo lugar.

Investimento social

Boa parte dos empregos são preenchidos por homens, muitos dos quais passam pela experiência de paternidade. Logo, construtoras que investem em programas de parentalidade conseguem promover um ambiente de trabalho mais saudável e engajado, além de contribuir diretamente para o bem-estar de seus funcionários. 
Essas iniciativas podem incluir a oferta de licenças parentais mais flexíveis, programas de conscientização sobre o papel do pai no desenvolvimento infantil e até mesmo espaços dentro dos canteiros de obras que permitam aos trabalhadores equilibrar suas responsabilidades familiares e profissionais. 
Este tipo de investimento pode melhorar não apenas a qualidade de vida dos trabalhadores, mas também a qualidade das construções que entregam, pois profissionais mais satisfeitos e saudáveis tendem a ser mais produtivos e comprometidos com a qualidade de seu trabalho.
Quando empresas, governo e sociedade civil se juntam para priorizar a primeira infância, a construção civil não só cumpre seu papel de prover moradia, mas também de construir comunidades mais saudáveis e prósperas. Isso exige uma visão integrada que vai além da simples edificação de estruturas físicas, englobando a criação de espaços que favoreçam o desenvolvimento humano desde os primeiros anos de vida. 
A colaboração entre todos os atores envolvidos pode transformar a realidade de milhões de crianças brasileiras, garantindo que cresçam em ambientes que realmente sustentem um desenvolvimento integral.

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