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Como incentivar o hábito da leitura nas primeiras fases da vida?

Família tem papel fundamental no desenvolvimento no hábito da leitura - Freepik

A leitura na infância é fundamental, por meio das histórias, a imaginação e a criatividade são despertadas, enquanto a capacidade de concentração e o interesse pela linguagem escrita começam a ser moldados. Embora, nesta fase, muitas crianças ainda não sejam capazes de ler de maneira autônoma e dependam da mediação de uma pessoa mais velha, a prática feita em voz alta pelo adulto também pode desenvolver habilidades socioemocionais, como a empatia e a compreensão de diferentes formas de coexistir. 

A leitura estimula o desenvolvimento cognitivo, o que contribui para ampliar o vocabulário e promover o entendimento de narrativas e conceitos. Esses conhecimentos são fundamentais para que a criança, no futuro, tenha acesso a uma ampla compreensão do mundo e ao domínio de diferentes áreas do saber. 

Os primeiros contatos são fundamentais. Autora dos materiais de Educação Infantil do Sistema Anglo de Ensino, Maria Célia Assumpção, explica que “durante a leitura, as crianças começam a compreender como funcionam as palavras, associando os sons ou fonemas às suas múltiplas representações na fala e escrita”. Além disso, a leitura também permite com que os pequenos entrem em contato com formas visuais das letras e padrões presentes na escrita, ao mesmo tempo em que passam a entender o significado das palavras, tanto orais quanto escritas.  

O papel da escola na leitura 

As escolas desempenham um papel essencial no estímulo ao hábito da leitura, uma vez que contribuem para a formação de leitores críticos, criativos e apaixonados pelo conhecimento. Para isso, é fundamental oferecer uma diversidade de materiais e abordagens que engajem as crianças e ampliem seus horizontes. Maria Célia sugere disponibilizar livros de diferentes gêneros e estilos, como textos informativos, narrativos, científicos e poéticos. “Essa variedade permite que as crianças explorem suas preferências e se encantem com as diversas possibilidades que a leitura proporciona.”, explica. 

As escolas devem sempre estar atentas para não desmotivar as crianças. Para isso, é essencial preservar o encanto e a magia da leitura, de modo que ela continue a ser uma experiência prazerosa e estimulante. 

Outra estratégia são as leituras em voz alta, realizadas pelo professor ou entre os alunos. Essa dinâmica pode promover a troca de ideias e faz com que os ouvintes se aproximem das narrativas por meio da entonação e expressividade. Da mesma forma, jogos e brincadeiras relacionados aos textos estimulam o aprendizado lúdico, enquanto momentos de interação com a turma incentivam o compartilhamento de opiniões e reflexões sobre o conteúdo lido. 

A educadora explica que ao integrar essas práticas no cotidiano escolar, a leitura deixa de ser uma atividade isolada e passa a fazer parte de um contexto enriquecedor, onde o prazer e o aprendizado andam juntos, preparando as crianças para um futuro em que a leitura será tanto uma ferramenta quanto uma fonte de encantamento. 

Como as famílias podem ajudar no desenvolvimento do hábito

Além disso, a especialista destaca a importância de as famílias proporcionarem aos filhos ambientes ricos em oportunidades de linguagem oral e escrita. Isso permitirá com que as crianças ingressem na Educação Infantil com milhares de palavras cujo significado já compreendem, classificam e armazenam em seus cérebros em desenvolvimento. 

Sendo assim, crianças necessitam de ambientes educacionais que forneçam suporte abrangente, englobando todas as partes do circuito cerebral necessário para compreender o sistema de leitura e escrita.  

A tecnologia no hábito da leitura 

Na atualidade, o uso de dispositivos digitais por crianças está cada vez mais presente. Diversas pesquisas indicam que as interações com objetos digitais apresentam características distintas das interações com humanos. Os estudos mostram que as crianças que leem em e-books tendem a se concentrar mais nos aspectos mecânicos e lúdicos da atividade, e menos nas palavras e no conteúdo, o que pode prejudicar o envolvimento cognitivo necessário para o desenvolvimento da leitura.  

No entanto, Maria Célia defende que a chave está em encontrar um equilíbrio que favoreça o desenvolvimento integral da criança, sem que a tecnologia prejudique as experiências mais enriquecedoras, como o jogo, a leitura compartilhada e o convívio social. 

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