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CONFLITOS: oportunidades de aprendizagem para crianças e adultos

ARTIGO: Marianne Galvão

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Sabe aquele dito popular “tudo depende dos olhos de quem vê”?. Pois é, pensando em nossas infâncias, escolho olhar para os conflitos como oportunidades para se desenvolver habilidades desde cedo e te explicarei o porquê.

Primeiro, saber que os conflitos fazem parte das relações humanas, sendo eles naturais, é essencial para caminharmos com esta reflexão. Em seguida, compreendê-los como uma expressão da comunicação das crianças, nos ajuda a mediar cada situação de uma maneira saudável e cuidadosa, escutando todo o contexto e as crianças envolvidas.

Afinal, quando falamos de crianças, estamos falando de seres humanos, que estão aprendendo de um tudo: do falar ao se relacionar, descobrindo a si, aos outros e ao mundo e, portanto, aprendendo a conviver em sociedade e a como se sentir em meio a todas as regras e diversidades que nela existe.

Para crianças muito pequenas, que ainda não desenvolveram a linguagem verbal, elas costumam se expressar corporalmente (o corpo também é linguagem), através de um choro, de uma mordida e/ou pegando o brinquedo de um colega, por exemplo.

E o que fazer em cada situação desta que se apresenta? Primeiro de tudo: estar presente (de verdade) na cena, com a criança, para poder compreender o que ela está expressando e, assim, traduzir o que ela pode estar querendo dizer ali, sem deixar de fazê-la refletir, de um modo adaptado a cada faixa-etária, sobre o que ocorreu.

Em casos de mordida, incentivar a criança que mordeu a se comunicar de um outro modo (uma vez que entendemos que algo ela está querendo dizer ali), assim como pedir para ela fazer um carinho na outra criança, são estratégias de cuidado a serem experimentadas no dia a dia.

Lembrando que: não há “receita de bolo”, mas há disposição para se construir infâncias dignas de acolhimento, respeito e expressão do que se sente. Sim, criança sente e tem o direito de se comunicar. Por isso, temos o papel de encorajar este processo, olhando para elas “como gente como a gente”.

Ao pensarmos em crianças um pouco maiores, com os seus 3-4 anos em diante, damos mais ênfase à expressão de sua linguagem verbal, proporcionando a ela um espaço de fala de como se sentiu. “Como você se sentiu com esta situação? Você gostou disto que te aconteceu? ”. A partir da resposta, encorajamos a criança a comunicá-la sem medo.

Por exemplo: “Você gostou do que ele fez? ”. “Não, não gostei! ”. “Então pode falar para ele, “eu não gostei””. E assim costuma acontecer, junto a um pedido de desculpas e a uma reflexão com a criança que empurrou, sobre o que também ela estava querendo dizer ali e sobre como ela pode dizer de modo que não machuque o outro.

Tudo isso parece cansativo, não é? De fato, é um processo cheio de detalhes, mas, se cuidarmos de cada parte dele desde cedo, alinhando nosso discurso e tornando ele como parte do nosso cotidiano, todos nós seremos beneficiados, pois as crianças aprenderão a se fortalecer em sua comunicação e, em muitos momentos, a resolver seus próprios conflitos. Quando não, é verdade que permaneceremos à disposição para mediar, cuidar e traduzi-los.

Até porque, como diria Lya Luft, a infância é um chão que pisamos a vida inteira. Então, precisamos estabelecer um compromisso de cuidado com as nossas crianças, pois, na medida em que cuidamos delas, estamos cuidando e construindo uma geração mais fortalecida em sua dimensão socioemocional e relacional, com adolescentes e adultos mais disponíveis para atravessar e dialogar com os desafios da vida.

Por Marianne Galvão, Psicóloga, atualmente Pós graduanda em Neurociência e desenvolvimento infantil- UNIFAFIRE

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