Dia das Crianças: como fazer a infância ser uma fase memorável para os pequenos?
Discutindo sobre a importância da infância, especialistas dão dicas de atividades
O Dia das Crianças reforça o papel fundamental da infância no desenvolvimento do ser humano e a necessidade de valorizá-la. Nesse contexto, é preciso compreender as peculiaridades de tal fase para saber como lidar com os desafios que ela traz, já que as vivências da infância têm impacto direto na vida adulta, segundo especialistas.
As famílias e as escolas precisam se apropriar de metodologias e de conhecimentos essenciais para uma boa formação, sem esquecer que as crianças precisam brincar para se tornarem adultos saudáveis e com boas memórias dessa fase tão importante. Veja o que alguns especialistas falam sobre o assunto:
Livros Infantis podem ser uma boa pedida
É na infância que acessamos pela primeira vez nossas emoções, descobrindo sentimentos como empatia, vergonha e saudade. Por isso, é importante que as crianças estejam, desde cedo, em sintonia com o que sentem. Nesse contexto, a literatura exerce um papel essencial na formação e na educação emocional. Por meio de histórias criativas, os pequenos podem compreender de forma lúdica o que eles e os outros sentem, aprimorando sua sensibilidade e se tornando pessoas conscientes de si e do mundo. Pensando nisso, a SOMOS Literatura selecionou 3 livros que ajudam a desenvolver esse autoconhecimento. Confira!
O livro Minha Chupeta Virou Estrela (de Januária Cristina Alves - Editora Caramelo) conta a história de Pedro que, em um acidente, derruba a sua chupeta preferida, uma história que pode ajudar as crianças pequenas a lidarem com a perda. Em O Livro dos Sustos (de Rosana Rios - Editora Ática), o professor especialista em Sustologia, T. Meroso, retrata os medos mais comuns entre as crianças, apoiando-se no humor. Já a coletânea de Fábulas de Esopo (Jean De La Fontaine, adaptação de Lúcia Tulchinski - Editora Scipione) reúne ensinamentos sobre diversos temas, como amizade e gentileza, por meio de histórias seculares.
É brincando que se aprende
A brincadeira é a primeira forma que a criança encontra de se relacionar com as pessoas e com as coisas à sua volta. Apesar de as atividades de entretenimento e de lazer serem consideradas, muitas vezes, apenas folia e bagunça, são momentos ideais para ensinar algo novo para os pequenos. Aprender brincando torna o aprendizado divertido e permite uma fixação muito mais simples.
“É importante frisar que esse aprendizado é espontâneo, ou seja, acontecerá de forma natural, mesmo que a criança não receba nenhum estímulo externo. Entretanto, quando os pais e responsáveis se envolvem nas atividades, os conhecimentos adquiridos podem ser ainda maiores e melhores. Além disso, aprender brincando é um recurso aliado à construção da personalidade e autonomia infantil”, comenta Ruymara Almeida, diretora pedagógica da Red Balloon. “Aprender e brincar cumprem um papel fundamental no desenvolvimento mental, físico, emocional e social das crianças”.
Gamificação no ensino de inglês
Nos últimos anos, abordagens criativas têm sido desenvolvidas para instigar e reforçar o engajamento dos estudantes, inclusive no estudo da língua inglesa. A gamificação é uma delas e consiste em inserir elementos que compõem os jogos nas atividades trabalhadas no cotidiano escolar com os alunos. Estudos científicos já mostram que a gamificação tem um impacto positivo na aprendizagem. Uma pesquisa da Elsevier mostrou que alunos com ensino baseado em gamificação aumentaram seu desempenho em até 89,45%. Além disso, a abordagem gamificada permite que habilidades importantes como pensamento crítico, resolução de problemas e colaboração sejam desenvolvidas.
“Introduzir elementos de jogos, como competição, desafios, recompensas e progressão pode despertar o interesse dos alunos, motivá-los a participar ativamente das aulas e aumentar sua dedicação às atividades escolares. Alguns desses elementos são cooperação, respeito às regras, ganho de experiência ao avançar níveis e feedback imediato que os informe sobre seu desempenho e sobre seu progresso”, explica Tayrone Medeiros, assessor pedagógico no Eduall, solução do grupo Somos Educação que oferece flexibilidade e consistência na transição da escola para o ensino bilíngue.
Importância das amizades na infância
A amizade tem um papel indispensável na formação do indivíduo. Amigos oferecem apoio e segurança. Os laços de amor e de afeto, especialmente aqueles formados na infância, fortalecem a autoestima, a criatividade e a segurança, gerando impactos positivos na vida adulta. É por meio dessas relações que as crianças aprendem a conviver, ceder, dividir, dialogar, expressar seus sentimentos e se colocar no lugar do outro.
“Um amigo oferecerá ao outro o que tem de melhor. Na convivência, aos poucos, as preferências e as identidades vão se fortalecendo e as crianças e jovens vivenciam a cumplicidade dessa relação”, afirma Rose Sertório, orientadora educacional da Educação Infantil na Unidade Granja Vianna do Colégio Rio Branco. “O convívio, baseado em relações respeitosas e cooperativas, desenvolve a convivência ética e eles levam isso para a vida. Nosso papel, como comunidade, é estimular essas relações e zelar sempre pelo respeito”.
A escola como local de socialização para as crianças
A escola é o espaço da interação social. Segundo Maria Carolina Souza, diretora de ensino do Núcleo SPA, do Grupo Salta, a partir do planejamento das diferentes atividades pedagógicas contextualizadas, as crianças aprendem que são sujeitos de uma sociedade, com direitos e deveres e, portanto, são responsáveis por construir uma sociedade cada vez mais humana e igualitária. Isso os prepara para serem agentes de mudança, aspirando a uma sociedade mais justa e equitativa. “Quando a escola tem o espaço de fala e de escuta, é possível construir um ambiente cada vez mais inclusivo e acolhedor, onde a empatia e o respeito pelo outro fazem parte da cultura escolar”, afirma.
Além disso, uma educação inclusiva e acolhedora não estão baseadas apenas no currículo, mas também na maneira como a escola promove interações entre os alunos. Estratégias como trabalhos em grupo, rodas de conversa e debates instigam os estudantes a expressarem suas opiniões e, crucialmente, a escutarem os outros com uma mente aberta e sem preconceitos. Estas práticas estimulam a empatia e o respeito pela diversidade, fundamentais para criar um ambiente acolhedor.
Mas o papel da escola não termina aqui. A colaboração com as famílias é essencial, pois a combinação dos esforços da escola e da família resulta na formação holística de cada aluno. A parceria escola-família reforça o valor da educação e a importância da socialização, ajudando as crianças a perceberem o poder do conhecimento na transformação de suas vidas e da comunidade, em geral. “É a partir da soma desses dois núcleos que é possível formar crianças e jovens em sua totalidade!”, finaliza Maria Carolina.
A importância socioemocional para garantir o protagonismo das crianças
O aprimoramento das habilidades socioemocionais tem papel inegável na garantia do protagonismo das crianças. O programa Líder em Mim, por exemplo, exemplifica o poder do desenvolvimento socioemocional, pois por meio dele, as crianças aprendem a reconhecer e valorizar seu potencial, construindo uma visão pessoal e assumindo a responsabilidade por suas ações.
“As habilidades de protagonismo, autorregulação e o pensamento colaborativo são apenas alguns dos pilares dessa abordagem que transforma alunos em indivíduos confiantes, preparados para enfrentar os desafios da vida”, afirma Heleomar Gonçalves, assessor pedagógico do Programa Líder em Mim. Escolas que adotam a educação socioemocional se tornam ambientes onde os alunos são mais do que simples aprendizes, são líderes em potencial. Nesses ambientes, as crianças são estimuladas a se comunicar, a expressar sua criatividade e curiosidade e a descobrir a liderança dentro de si mesmas.
Além do empoderamento individual, as competências socioemocionais promovem um engajamento ativo dos alunos em seu próprio processo de aprendizado e no ambiente escolar como um todo. Nas escolas parceiras do Líder em Mim, é evidente o reflexo dessa formação, onde os alunos não apenas recepcionam visitantes com entusiasmo e proatividade, mas também demonstram uma sensação mais elevada de pertencimento e autoestima.