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Empresa boa para criança é boa para todos

Organizações que apoiam maternidade ou paternidade impactam na motivação dos colaboradores

Medidas parent friendly impactam positivamente na produtividade das equipes - Freepik

Francesco Tonucci é um pedagogo e desenhista italiano que defende o protagonismo do olhar infantil sobre as políticas urbanas. Uma de suas célebres frases repetida por gestores públicos de todo o mundo envolvido com a primeira infância é: “uma cidade boa para as crianças é uma cidade boa para todo mundo”. 

O raciocínio do italiano é de que se criamos espaços públicos mais amigáveis, como calçadas largas, ruas com trânsito calmo, mais áreas de lazer e com mais arborização, todos saem ganhando, não somente os pequenos, mas também seus irmãos mais velhos, seus pais, avós e toda a comunidade.

Benefícios

Concordo com Tonucci e faço uma paráfrase: uma empresa boa para criança é  boa para todo mundo. Empresas que apoiam seus colaboradores com benefícios como as licenças-paternidade ou maternidade estendidas, que promovem a amamentação com retornos flexíveis e com oferta de salas de amamentação, que oferecem kit enxoval, auxílio-creche e formação em cuidados que promovem a parentalidade positiva, impactam no engajamento e motivação de suas equipes, na qualidade de vida das suas famílias e fazem um bem enorme para a sociedade, contribuindo decisivamente na maior janela de desenvolvimento de um ser humano, que ocorre justamente nos primeiros anos de vida.

Não faltam evidências para sustentar esta afirmação. A renomada consultoria global Great Place To Work (GPTW) lista e premia as empresas que apresentam boas práticas de recursos humanos com foco na primeira infância. Em conteúdos disponibilizados em seu site, apresentam cases de empresas brasileiras e multinacionais que quando adotaram medidas parent friendly,  e consequente ganhos de produtividade. 

Questão de gênero

Benefícios parentais também possuem importância decisiva na carreira das mulheres. Segundo dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Brasil, a maternidade acaba se tornando uma das principais causas da desigualdade salarial.  Muitas deixam de ser contratadas ou promovidas.. Contratantes se baseiam no preconceito de que o período gestacional, da licença e o retorno afetam negativamente a produtividade.

A quebra desse paradigma é, portanto, uma pauta que abraça questões de igualdade de gênero e empoderamento feminino. A consultoria 'Filhos' no Currículo traz um ponto de vista interessante : “filhos são potência na vida profissional de mães e pais”. Um profissional que vivencia o desafio de educar uma criança, amplia o senso de responsabilidade e desenvolve competências socioemocionais.

Desafio global

Indo um pouco mais além, empresas que estão atentas e implementando políticas Ambientais, Sociais e de Governança (ASG ou ESG, em inglês, as siglas do momento no ambiente corporativo) também podem obter os melhores retornos investindo na primeira infância. Segundo Samantha Salve, Coordenadora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), cuidar das crianças é o caminho para acelerar o atendimento das metas dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do Pacto Global - Agenda 2030.

Não há caminho mais efetivo para combater a desigualdade, do que dar condições dignas no começo da vida. Este é o principal desafio global da atualidade e o que deve ser combatido com mais intensidade e amor. Ao cuidarem do território ou comunidade ao qual pertencem, as organizações somam suas forças ao dos governos e podem experimentar as ideias de Francesco Tonucci: produzem um ganho ampliado para as crianças, as famílias e para toda a humanidade.

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