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Entrevista: Consultor pedagógico defende reestruturação do ensino médio com visão sistêmica

Segundo Alexandre Costa, é importante destacar a necessidade de reestruturação do ensino médio

Consultor Alexandre Costa afirma que o antigo modelo é inadequado - Arquivo Pessoal

A Reforma do Ensino Médio, instituída pela Lei 13.415/2017, tem sido alvo de críticas por parte de educadores e especialistas na área. O consultor pedagógico, Alexandre Costa, comentou sobre a temática em uma entrevista para o Papo de Primeira.

Segundo Alexandre Costa, é importante destacar a necessidade de reestruturação do ensino médio como etapa final da Educação Básica. O modelo antigo, que vigorava desde a LDB de 1971, chegou ao século XX quase intacto em seu modelo curricular, sem se adequar às profundas mudanças trazidas pela revolução tecnológica.

A Lei 13.415/2017 tem o mérito de tentar atualizar essa importante etapa da educação básica, mas falta-lhe visão sistêmica. Na sua implementação, não foram observados os problemas estruturais graves que o antigo ensino médio carregava, como a escassez de professores nas áreas das ciências da natureza e suas tecnologias.

O consultor pedagógico propõe a reforma do ensino médio aliada a um grande processo de reestruturação da educação superior e da carreira do magistério. Sem isso, restará apenas a boa vontade de mudar, mas, na prática, não surtirá efeitos no processo de educação e formação de nossa juventude.

Melhoria dos resultados educacionais para a etapa do ensino médio

Para enfrentar os baixos índices de proficiência no ensino médio, Alexandre Costa afirma que é necessário estabelecer políticas públicas de educação atreladas a políticas de distribuição de renda. A evasão escolar reflete a percepção dos nossos jovens e das famílias de que a escola não é tão importante como instrumento de melhoria de sua condição de vida.

Além disso, é preciso oferecer formação continuada para os docentes, acesso a tecnologias educacionais e investimentos estruturais nas escolas. No entanto, sem garantir às famílias condições para que abram mão de seus filhos como mão-de-obra, tudo isso terá efeito limitado.

Nova gestão do Ministério da Educação

Sobre a nova gestão do Ministério da Educação, Costa espera que o atual Ministro, Camilo Santana, seja capaz de descontaminar o debate dos aspectos partidários e ideológicos. Ele espera que o novo Ministro seja capaz de dialogar com os diversos setores sociais importantes para a pactuação das reformas.

A prioridade deve ser a construção do novo Plano Nacional de Educação, que, segundo o consultor pedagógico, é fundamental para o desenvolvimento da educação no país. Com essas mudanças e ajustes, a educação brasileira poderá atender às necessidades da sociedade e formar cidadãos preparados para os desafios do século XXI.

Para falar sobre a Reforma do Ensino Médio e as perspectivas para a melhoria da educação brasileira, o Papo de Primeira entrevistou o consultor pedagógico Alexandre Costa. Confira abaixo:

Papo de Primeira: Professor, a Reforma do Ensino Médio tem sido muito criticada. Na sua opinião, ela deve ser cancelada ou precisa apenas de ajustes?

Alexandre Costa: Primeiramente, é importante destacar que a reestruturação do Ensino Médio como etapa final da Educação Básica é necessária. O antigo modelo curricular estava inadequado para uma sociedade marcada pelas profundas mudanças trazidas pela revolução tecnológica. A lei 13.415/2017 tem o mérito de tentar atualizar esta importante etapa da educação básica. No entanto, falta-lhe visão sistêmica. Na sua implementação não foram observados os problemas estruturais graves que o antigo Ensino Médio carregava, a exemplo da escassez de professores nas áreas das ciências da natureza e suas tecnologias. Outro elemento importante numa política pública de reforma do Ensino Médio é a reestruturação da carreira do magistério. Defendo a ascensão do magistério a condição de carreira de estado e a criação de um programa nacional de formação de docentes. Sem isso, a reforma do Ensino Médio será apenas uma boa intenção.

Papo de Primeira: Na sua visão, quais os caminhos para a melhoria dos resultados educacionais para a etapa do Ensino Médio?

Alexandre Costa: Acredito que políticas públicas de educação têm que, necessariamente, estarem atreladas a políticas de distribuição de renda. Sem garantir a permanência do estudante nas escolas, toda e qualquer reforma do Ensino Médio será inócua. A evasão escolar reflete a percepção dos nossos jovens e das famílias de que a escola não é tão importante como instrumento de melhoria de sua condição de vida. Parcela significativa dos jovens não acredita mais na escola. Ou enfrentamos essa tragédia com políticas públicas ou serão em vão os esforços concentrados apenas para melhoria dos resultados de proficiência acadêmica. Lógico que precisamos de formação continuada para os docentes, acesso a tecnologias educacionais e investimentos estruturais nas escolas. No entanto, sem garantir as famílias condições para que abram mão dos seus filhos como mão-de-obra, tudo isso terá efeito limitado.

Papo de Primeira: O atual Ministro de Educação, Camilo Santana, fará uma boa gestão? Quais devem ser as prioridades?

Alexandre Costa: Desejo que ele faça uma boa gestão. Acho até que não será difícil se levarmos em consideração os desatinos do governo passado nesta área. Penso que o grande desafio será descontaminar o debate dos aspectos partidários e ideológicos. Estamos vivendo há alguns anos uma atmosfera de grande polarização ideológica. Esse fato prejudica o debate. Espero que ele seja capaz de dialogar com os diversos setores sociais importantes para a pactuação das reformas. A prioridade deve ser a construção do novo Plano Nacional de Educação

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