G20 prioriza formação de professores e provoca debate sobre desafios e oportunidades para categoria
Juliana Storniolo, diretora da FourC Learning, traz um panorama sobre o cenário educacional
De acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Península, apenas 5% dos estudantes matriculados no Ensino Médio demonstram interesse em se tornar professores. Seguindo o mesmo mote, outro estudo, divulgado pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp), de setembro de 2022, aponta que o Brasil poderá atingir déficit de 235 mil professores na Educação Básica até 2040.
Na última reunião de Ministros de Educação do G20, principal fórum de cooperação econômica internacional que reúne as 20 maiores economias do mundo, Camilo Santana, atual ministro da educação do Brasil, afirmou que a formação dos professores e a valorização docente serão os temas prioritários no âmbito das discussões do grupo. Além disso, a partir do ano que vem, o Brasil assume a presidência da organização e o Ministério da Educação (MEC) estará à frente do Grupo de Trabalho em Educação.
Para discorrer sobre como a formação de professores e a valorização docente impactam atualmente na sociedade, Juliana Storniolo, Diretora da FourC Learning, projeto voltado à capacitação de educadores por meio de práticas do século 21, analisa a importância do tema ser tratado como prioridade pelo G20.
“Ter o tema formação de professores nessa pauta é fundamental. Os docentes têm um papel essencial na formação das gerações futuras, por isso é crucial que eles estejam equipados com as competências e com os conhecimentos necessários para essa formação. Priorizando esses aspectos, podemos melhorar a qualidade da educação e contribuir para um mundo com mais equidade”, afirma.
De acordo com Juliana, o posicionamento indicado pelo Ministro também poderá gerar oportunidades significativas para a educação por meio do relacionamento com as outras nações. “Poderemos ter acesso a melhores práticas, aprendendo com as experiências de outros países membros, compartilhando conhecimentos e até mesmo levando recursos e financiamentos por meio de programas e de iniciativas internacionais de apoio. Isso nos ajudaria a melhorar a infraestrutura educacional do Brasil, desenvolvendo também programas de formação de professores mais robustos”, explica a diretora.
Tratando especificamente da desvalorização da categoria e do baixo interesse na profissão, algumas das dificuldades enfrentadas pelos profissionais da área, como sobrecarga de trabalho e falta de estrutura, podem influenciar negativamente os que pensam em seguir a profissão. Por isso, a especialista reforça também a importância da inclusão dos professores nas tomadas de decisões públicas.
“Superar esses gargalos requer o esforço conjunto do governo, da sociedade civil e das instituições educacionais. É preciso incluir os professores em discussões e em tomadas de decisões políticas referentes a currículos educacionais, por exemplo, para que esses profissionais se sintam valorizados, podendo contribuir com suas experiências e perspectivas”.
Traçando caminhos para melhoraria da valorização docente no país, é possível apontar também os primeiros passos a serem dados. Remuneração adequada, desenvolvimento profissional contínuo e ambiente de trabalho adequado são alguns dos pontos levantados pela diretora como base para uma evolução efetiva.
Levando em consideração esse panorama, a formação docente se coloca como uma das principais propostas que podem auxiliar nesta jornada. Segundo Juliana, “investir em desenvolvimento profissional docente é fundamental para solucionar os desafios que encontramos na educação atualmente. Com essa oportunidade, os professores poderão desenvolver novas habilidades, tanto pedagógicas como socioemocionais, aprimorando seus conhecimentos”.
A partir desta discussão, a diretora também identificou tendências e expectativas futuras para o cenário educacional que tendem a variar de acordo com os cenários político e regional. “Acredito que temas como educação inclusiva, metodologia ativa e desenvolvimento de habilidades socioemocionais tendem a ganhar destaque. O uso da tecnologia educacional vem ganhando ainda mais espaço e deve seguir assim. Com isso, a expectativa é que tenhamos um aumento ainda maior no número de plataformas de aprendizagem, ferramentas colaborativas e recursos digitais, finaliza.