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Incentivo à cultura através de leis: um caminho para a transformação social

ARTIGO: Por Guilherme Ramos Parreira

Divulgação

A cultura, em suas diversas formas de expressão, é essencial para o desenvolvimento de uma sociedade crítica, diversa e criativa. Ela reflete a identidade de um povo, molda comportamentos e valores, além de possuir a capacidade transformadora de alterar realidades, gerar inclusão e proporcionar novas perspectivas para o futuro. Nesse contexto, o incentivo à cultura por meio de políticas públicas e leis se torna fundamental para assegurar que a produção e o acesso à cultura sejam democratizados, permitindo que mais pessoas possam se beneficiar de suas múltiplas facetas.

As leis de incentivo à cultura, como a Lei Rouanet no Brasil, são ferramentas indispensáveis para fomentar a criação cultural em todas as suas formas. Por meio dessas leis, projetos culturais podem receber apoio financeiro de empresas privadas que, em troca, obtêm incentivos fiscais. Esse mecanismo faz com que o investimento em cultura se torne mais acessível, viabilizando projetos que, de outra forma, teriam dificuldade de sair do papel. O impacto dessa ação vai muito além do estímulo à produção artística: ele chega até as bases da educação, da cidadania e da formação de uma sociedade mais plural e inclusiva.

É importante entender que o incentivo à cultura não é apenas uma questão de fomento às artes ou ao entretenimento, mas de investimento no desenvolvimento humano. A cultura educa, amplia horizontes, conecta as pessoas com suas raízes, promove a empatia e o entendimento entre diferentes grupos sociais. Ela tem o poder de promover diálogos que muitas vezes são negligenciados nas estruturas tradicionais de ensino. Assim, quando o Estado e a sociedade investem em cultura, estão na verdade investindo no fortalecimento de um alicerce fundamental para a criação de uma sociedade mais justa e inclusiva.

Um exemplo claro de como o incentivo à cultura pode transformar vidas é o Projeto Era Uma Vez… Brasil. Este projeto visa levar a história do Brasil para jovens do 8º ano de escolas públicas de maneira inovadora, promovendo a criatividade, o senso crítico e o engajamento desses estudantes em suas comunidades. Ao trabalhar com temáticas como a equidade de gênero, a valorização das comunidades quilombolas e indígenas, e as opressões de classe, o Era Uma Vez… Brasil oferece aos jovens uma visão crítica e transformadora da sociedade.

Através de formações para professores, oficinas de audiovisual e vivências culturais, o projeto amplia o conhecimento dos jovens sobre a história do Brasil, indo além do que tradicionalmente é ensinado em sala de aula. Mais do que aprender sobre o passado, os estudantes têm a oportunidade de refletir sobre os desafios do presente e sobre o papel que podem desempenhar na construção de um futuro mais inclusivo e equitativo.

Com atividades imersivas que vão desde o aprendizado sobre a cultura indígena e quilombola até o contato com a produção de conteúdo audiovisual, o projeto é uma verdadeira experiência de transformação pessoal e coletiva. Os jovens, ao serem expostos a essas realidades, desenvolvem uma maior compreensão da diversidade e complexidade do Brasil, além de fortalecerem seu senso de responsabilidade social.

Outro ponto de destaque do projeto é a oportunidade de intercâmbio internacional, onde estudantes de diferentes estados do Brasil viajam para Portugal, onde aprendem mais sobre as conexões históricas entre os dois países e como a colonização influenciou de maneiras distintas cada parte do Brasil. Isso amplia ainda mais o olhar dos jovens sobre a história e a cultura, incentivando o desenvolvimento de líderes mais conscientes e preparados para atuar em suas comunidades.

Essas experiências impactam não apenas os estudantes diretamente envolvidos, mas também suas comunidades, que se beneficiam dos projetos e ideias que esses jovens trazem após sua participação no Era Uma Vez… Brasil. Cada participante do projeto se torna uma semente de mudança, levando consigo o aprendizado e as novas perspectivas para compartilhar e implementar em suas realidades locais.

A importância de projetos como esse é imensa. O Era Uma Vez… Brasil só é possível graças a políticas públicas de incentivo à cultura que reconhecem a arte e a educação como pilares fundamentais para o desenvolvimento social. O impacto positivo que essas iniciativas geram nas vidas de jovens de comunidades carentes, ao oferecer uma visão ampliada do mundo e promover a consciência crítica, demonstra o valor de investir na cultura como ferramenta de mudança.

O incentivo à cultura, por meio de leis e políticas públicas, é crucial para garantir que iniciativas como essa continuem a transformar vidas. Sem esses mecanismos de apoio, muitos projetos culturais não teriam a oportunidade de alcançar aqueles que mais precisam, limitando o acesso à cultura e, consequentemente, à educação crítica e transformadora.

Por fim, o incentivo à cultura deve ser visto como um investimento estratégico. Ao fomentar a cultura, investimos não apenas em entretenimento ou arte, mas em cidadania, educação e transformação social. Incentivar a cultura é investir no presente e no futuro do Brasil, permitindo que novos líderes e pensadores emergem com uma visão crítica e propositiva sobre o país e o mundo.

As leis de incentivo à cultura proporcionam a base necessária para que projetos inovadores e transformadores, como o Era Uma Vez… Brasil, continuem a prosperar e a contribuir para a formação de cidadãos conscientes, capacitados para promover mudanças significativas em suas comunidades. E, nesse contexto, a cultura deixa de ser apenas um patrimônio de poucos para se tornar uma ferramenta acessível a todos, capaz de moldar uma sociedade mais justa e inclusiva.

Guilherme Ramos Parreira é educador e coordenador do Projeto Era uma vez... Brasil

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