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Mês do Professor: a educação socioemocional na promoção da saúde mental dos profissionais

É essencial que a gestão e a coordenação compreendam e acreditem nos benefícios da educação socioemocional - Freepik

No mês em que é comemorado o Dia do Professor, criado para homenagear os profissionais que dedicam suas vidas a ensinar, o programa de educação socioemocional Líder em Mim chama atenção para uma reflexão sobre a saúde mental dos educadores. Atualmente, esse profissional desempenha muitas tarefas, bem como preparar aulas e provas, acompanhar a evolução dos estudantes, aplicar simulados, pensar em projetos educacionais, além de ter outras diversas responsabilidades, que impactam diretamente no desempenho dos alunos.  

Por conta deste contexto complexo de atribuições, o lado emocional do professor deve ser cuidado com atenção. Porém, ainda existe um certo tabu a ser superado, segundo o assessor pedagógico do programa Líder em Mim, Matheus Portelinha. “Quando se trata do compartilhamento de situações que são mais subjetivas do que profissionais, o educador tende a ter receio e vergonha da exposição”, destaca.  

De acordo com o especialista, isso ocorre por sentirem que carregam o fardo de serem “detentores do conhecimento”. Assim, eles geralmente acreditam que não podem errar ou demonstrar vulnerabilidade.  

Para o assessor pedagógico do programa Líder em Mim, promover a saúde e o bem-estar destes profissionais é fundamental para um futuro saudável durante suas jornadas de trabalho. Isso pode ocorrer por meio de práticas simples e que devem fazer parte de uma cultura de liderança. 

Além disso, existem alguns desafios na implementação de práticas de educação socioemocional nas escolas. Matheus pontua que a gestão e a coordenação desempenham um papel crucial na implementação de qualquer programa educacional. “Quando esses líderes não estão engajados, a iniciativa pode perder força. A falta de comprometimento pode resultar em uma implementação superficial e na ausência de um suporte contínuo para os professores e alunos”, destaca. 

Valorização do socioemocional  

É essencial que a gestão e a coordenação compreendam e acreditem nos benefícios da educação socioemocional, conforme indica Matheus Portelinha. Isso pode ser alcançado por meio de workshops e treinamentos específicos que demonstrem o impacto positivo dessas práticas. Além disso, a criação de uma cultura escolar que valorize e priorize o desenvolvimento socioemocional pode incentivar maior engajamento dos envolvidos. 

A falta de engajamento dos professores durante a formação inicial da equipe escolar também é um desafio. “Os professores são os principais agentes na implementação de práticas de educação socioemocional. Se eles não estão engajados ou não veem o valor dessas práticas, é provável que a implementação seja ineficaz. A resistência pode surgir devido à falta de tempo, recursos ou compreensão dos benefícios”, aponta o assessor pedagógico.  

Para superar isso, Portelinha diz que é importante oferecer formações que sejam práticas e relevantes para o dia a dia. Mostrar evidências de sucesso e compartilhar histórias de impacto positivo também são ações que podem ajudar a mudar percepções. Além disso, criar um ambiente de apoio onde os professores se sintam valorizados e ouvidos pode aumentar significativamente o engajamento. 

Por fim, ele traz uma orientação sobre o que as escolas podem fazer para garantir o devido suporte socioemocional aos professores ao longo do ano. "A saúde e o bem-estar dos professores são fundamentais para que a escola também seja um ambiente saudável, uma vez que todo professor oferece algum tipo de apoio, mas nem sempre recebe. Por isso, é essencial que as escolas e os próprios professores adotem práticas socioemocionais e promovam um ambiente de trabalho mais equilibrado e satisfatório”, finaliza. 

Práticas socioemocionais para a transformação da rotina do docente 

Acredita-se que a partir da formação inicial dos 7 hábitos que norteiam o programa Líder em Mim, baseados no livro “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes” de Stephen R. Covey, os professores passam a ter acesso e domínio sobre práticas que tendem a trazer maior clareza sobre seu próprio valor e potencial para uma transformação real da rotina de vida e, por consequência, na maneira como enxergam e agem no trabalho e nas interações com os alunos.  

Por conta disso, o assessor pedagógico do Líder em Mim traz duas dicas de práticas sugeridas pelo programa para os docentes incluirem na rotina escolar: 

1 - A prática da proatividade: 

A) Utilize a linguagem proativa ao seu favor e a favor do contexto escolar: Ao invés de dizer “Isso nunca vai dar certo”, diga “Vou buscar outras alternativas”. Ao invés de dizer “A culpa é sempre de ...”, utilize “Vou perguntar se tem algo que posso ajudá-lo(a) ...”;  
B) Quando estiver em uma situação estressante no contexto escolar, evite responder com base em seus sentimentos ou emoções. Pare e pense, isso ajudará a responder com base em princípios e não por impulso;  
C) Concentre-se nas coisas que você pode agir e influenciar diretamente. Muitas vezes as situações externas querem nos tirar o foco, a paciência, testando nossa autorregulação. Mas, a escolha de manter-se calmo(a), lúcido(a) e centrado(a) é sempre sua.  
  
Benefícios destas ações: Despertam um maior senso de iniciativa e responsabilidade, ajudando os professores a liderarem melhor os próprios pensamentos, emoções e atitudes. Isso contribui para a redução do estresse e da ansiedade, aprendendo a diferenciar situações que estão dentro e fora do seu controle. Como resultado, os professores se tornam mais equilibrados, ao utilizarem linguagem proativa entre colegas de profissão e com os alunos na rotina escolar. 

2 - A prática do planejamento da rotina diária:

  A) Que tal definir metas realistas e alcançáveis para o seu desenvolvimento pessoal e profissional? Ao ter um objetivo claro, você se sentirá mais motivado e terá mais energia para colocar seus planos em prática; 
B) Ao preparar suas aulas, pense em como você pode tornar o aprendizado mais   significativo para os seus alunos. Ao conectar os conteúdos com a realidade deles, você contribuirá para a formação de cidadãos mais conscientes e engajados; 
C) Reserve um tempo na agenda para cuidar de você. Pratique atividades que te tragam prazer e bem-estar, como ler um livro, ouvir música ou praticar um esporte.  

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