Opinião: porquê o filme de Gentili e Porchat é o pior filme da escola
Obra acendeu polêmica e desagradou da esquerda à direita
Mesmo considerando que muitos fizeram uso das cenas do filme para "lacração" em rede social e demagogia com seus eleitores, as críticas ao filme "Como Se Tornar o Pior Aluno da Escola", recentemente disponibilizado por uma das principais plataformas de streaming do mundo, são pertinentes e vão além das crenças ideológicas, passíveis de serem caracterizadas como crime contra crianças e adolescentes (diretamente em relação aos atores juvenis que participaram das cenas), de acordo com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Não se trata de atacar a liderdade de expressão. Neste caso, observa-se sobre outro prisma: a questão é a responsabilidade sobre os menores presentes nos atos cênicos, porém reais. Neste sentido, a defesa do ator Fábio Porchat a uma rede de televisão é insuficiente: "Eu interpreto um vilão. É um personagem mau, que faz coisas horríveis. Um vilão pode ser racista, nazista, machista, pedófilo, matar ou torturar pessoas. Quando isso aparece em um filme, não quer dizer que estamos fazendo apologia".
A arte pode e deve representar a realidade. Mostrar a violência pode ser uma forma de ampliar a noção e o debate sobre questões muito importantes, entre elas a pedofilia. Entretanto, o cerne da questão está nas características da cena e na presença dos menores, expostos a uma situação libidinosa. Caso a cena tivesse sido mais cuidadosa ou mesmo sem a presença dos menores, com outro contexto, talvez não estivesse aqui fortalecendo o coro.
Uma produção de 2017, que consegue ter baixa expressão e ser reduzida a uma polêmica tão especifica, parece que realmente não é um bom filme. Há problemas sérios no cotidiano escolar, entre eles o desafio de quebrarmos os preconceitos e uma visão retrógrada sobre a educação sexual, entretanto Gentili e Porchat parecem ter feito um desserviço a estas causas, ampliando a rejeição aos temas.