Professores com letramento em IA saem na frente rumo ao futuro

Conheça as diversas possibilidades que a IA oferece no auxílio de educadores e alunos

O uso de tecnologia e Inteligência Artificial (IA) como ferramentas de ensino tem se tornado cada vez mais comum no ambiente educacional - Freepik

O uso de tecnologia e Inteligência Artificial (IA) como ferramentas de ensino tem se tornado cada vez mais comum no ambiente educacional, com professores adotando esses recursos para facilitar uma série de ações, como acesso à informação, pesquisa, correção de provas, indexação de materiais, produção textual, entre outras. 

Segundo uma pesquisa do Instituto Semesp, três em cada quatro educadores concordam, parcial ou totalmente, com o uso dessas ferramentas no ensino. Além disso, 39,2% afirmam utilizar a tecnologia em suas aulas com frequência. (https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2024-05/inteligencia-artificial-pode-ser-ferramenta-de-ensino-mostra-estudo

Uma pesquisa mais recente, realizada pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES) em parceria com a Educa Insights, também revela uma ampla aceitação dessas ferramentas entre os atuais e futuros estudantes - 74% dos entrevistados consideram o investimento em IA importante ou muito importante para as instituições de ensino superior (IES). (https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2024-08/sete-cada-dez-estudantes-usam-ia-na-rotina-de-estudos )

Entre as possibilidades que a IA oferece no âmbito educacional estão a personalização dos recursos de aprendizado, a automatização de tarefas administrativas, o fornecimento de feedback e a identificação das áreas de dificuldade dos alunos. Além disso, facilita a criação de materiais adaptados às necessidades individuais de cada estudante.

Mestre em Inteligência Artificial e Ética, o educador e consultor da Escola Lourenço Castanho, Alexandre Le Voci Sayad, destaca que a personalização do ensino sempre foi um ideal para educadores e pesquisadores na área de educação. Com o avanço da neurociência e do estudo do comportamento, descobriu-se que cada estudante tem um estilo único de aprendizado. 

“Cada pessoa aprende de uma maneira, com ritmos, metodologias e estruturas diferentes. O próprio uso da plataforma vai identificando no usuário a maneira que ele melhor aprende, ou seja, ela vai se adaptando a isso”, comenta.

Com isso, à medida que o estudante interage com a plataforma, ela coleta dados sobre suas preferências, inclusive desempenho, e ajusta o conteúdo e os métodos de ensino para melhor atender a essas necessidades. Isso é significativo para grandes turmas, onde o professor é desafiado a personalizar o ensino. 

“Isso é um impacto muito grande na educação, porque em classes de 30 a 40 alunos é impossível adaptar um ensino. Para grandes redes públicas, escolas com muitos alunos, isso é fundamental”, ressalta.

Para os professores do Grupo Salta, maior grupo de educação básica do país, o desenvolvimento do letramento digital e tecnológico em IA não apenas favorece suas funções diárias, como também enriquece o processo de ensino-aprendizagem. 

Incentivar essa competência para os professores visa dois grandes objetivos: otimizar o trabalho do professor com um “assistente pessoal” e capacitá-lo para o letramento de seus próprios alunos. 

Como explica Renata Rotenberg, gerente pedagógica do Grupo Salta Educação, "hoje, os professores têm múltiplas funções para além da sala de aula. Preparar atividades, preparar aulas, preparar provas, corrigir provas, etc. Com maior conhecimento tecnológico e digital em IA, ele pode otimizar seu trabalho com um 'assistente pessoal', podendo assim trabalhar com maior qualidade nas estratégias específicas para seus alunos, recolhendo seus dados de maneira mais individualizada”, acrescentou. 

O pedagógico da holding, por exemplo, desenvolveu estratégias próprias utilizando Inteligência Artificial. "Criamos duas frentes para letrarmos nossos alunos e professores: workshops e treinamentos continuados para os docentes, e uma disciplina eletiva para os alunos, que ensina a utilização ética e produtiva da IA", explica Renata. 

Essas iniciativas visam equipar professores e alunos com habilidades tecnológicas relevantes para a era digital.

A IA pode realizar tarefas automatizadas e processar grandes volumes de dados, o que inclui ajudar os professores nas tarefas repetitivas de correção e permitir que eles se concentrem em ações mais criativas e pedagógicas. Também é capaz de analisar dados dos alunos, corrigir questões de múltipla escolha e dissertativas, e até avaliar redações escritas à mão. Também proporciona feedbacks imediatos e precisos, quando bem utilizada, assistindo os professores no planejamento de aulas e promovendo maior inclusão e acessibilidade. 

"Ela pode identificar dificuldades de aprendizagem e criar materiais adaptados, como leitura em voz alta para alunos com deficiências visuais ou traduções para novas línguas", listou Renata.

Segurança e dados

No entanto, essa tecnologia levanta preocupações sobre a privacidade dos dados dos estudantes e o uso futuro dessas informações. Um relatório da Human Rights Watch, divulgado no final do primeiro semestre de 2024, revela que mais de 170 imagens e dados pessoais de crianças brasileiras foram coletados sem o consentimento dos responsáveis e usados para treinar sistemas de Inteligência Artificial.

“Quando falamos de personalização tocamos na propriedade dos dados. Quem é o dono dos dados gerados pelas crianças? O governo pode usar? Até que ponto? São informações sensíveis e, por mais que passe pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), ainda se configuram como uma questão não clara para todos. Os dados não podem ser comercializados por todos, por exemplo, e precisam de camadas de segurança para que não sejam vazados”, destaca Sayad.

Segundo Sayad, é fundamental que o aluno e o educador reconheçam juntos tanto os potenciais quanto às limitações dessas ferramentas, e que o professor não tenha receio de experimentar novas abordagens. “A escola sempre tem que ter a supervisão. A palavra final é humana, a decisão é do professor, e isso não pode ser deixado na mão do sistema”, pontua.

Em vista disso, é crucial que os alunos se envolvam em questões de educação midiática, como é feito na Lourenço Castanho. Isso ajuda na compreensão da IA, como ela funciona, como simula uma inteligência com base em grandes volumes de dados, além de entender seu impacto ético. "Essa alfabetização para IA é algo muito importante, o que pode ser uma atribuição também da educação midiática", conclui Sayad.

O Grupo Salta enfrenta essas barreiras oferecendo treinamentos e soluções que demonstram claramente os benefícios da IA, uma vez que entendem que ela não substitui o professor, mas o auxilia nas práticas docentes. “Assim, a integração ocorre de maneira mais fluida. Os professores que se tornam proficientes em IA podem transformar suas práticas pedagógicas, criando aulas mais dinâmicas e personalizadas”, completa Renata.

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