Secretaria de Educação de Jaboatão acerta: volta às aulas só com segurança vacinal
Portaria detalha os motivos e data de retorno das aulas presenciais
No dia 4 de fevereiro, a Secretaria de Educação de Jaboatão publicou a Portaria SME nº 032/2022, que disciplina o inicio do ano letivo em decorrência de restrições sanitárias. Diferentemente do Estado e da capital, as aulas presenciais em Jaboatão só irão retornar em abril.
Segundo consideração do documento assinado pela Secretária da pasta, Ivaneide de Farias Dantas, até lá "existe a legítima expectativa de alcance elevado dos indicadores da vacinação para crianças entre cinco (cinco) a 11 (onze) anos de idade, com cobertura vacinal exitosa".
Tal decisão, na visão deste blog, é exemplo de cuidado com a comunidade escolar e compreensão ampla do processo educacional. Não há nada mais importante do que a vida dos profisisonais e estudantes. Retornos precipitados além de expor as crianças ao vírus sem proteção das vacinas, em momento de recordes diários de contaminação - inclusive na faixa etária em questão - podem gerar perdas irreversíveis.
Além disso, diante do contexto pandêmico atual e dos protocolos orientados pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e pela Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, as aulas recentemente iniciadas já devem ter sido suspensas em diversas salas, visto que a orientação é que, caso haja a confirmação de um caso de COVID em uma turma, os contatos (demais estudantes e professor da turma) devem ser afastados e só retornarem após teste negativo. O estudante contaminado deve ficar afastado por 7 dias. Por sua vez,as escolas devem ofertar o ensino remoto.
É incômodo ver entidades do setor alardeando impactos que não podem ser julgados a esta altura, visto que além da pandemia ainda não ter acabado, os estudantes ainda não retomaram de forma estável. Se tivermos "perdas", certamente também haverá "ganhos", e diante do inusitado, do imprevisível, precisamos ter parcimônia antes de rotular.
Essa é uma preocupaçao de educadores referências na área, como afima o professor Alexandre Schneider, Presidente do Instituto Singularidades e Pesquisador do CEPESP/FGV:
Não existe geração perdida na educação. Dar a uma geração o emblema do fracasso é cruel e antipedagógico. Escrevi esse artigo ano passado. O alerta do UNICEF sobre o impacto da pandemia é importante. Mas não deve servir para estigmatizar uma geração.
https://t.co/g4rAA2VbNq — Alexandre Schneider (@alexandres01) January 24, 2022
E Daniel Cara, Professor da Faculdade de Educação da USP:
Não consigo ter o pessimismo do Unicef, que afirmou perdas de aprendizagem “quase irreparáveis” no mundo, inclusive no . Há muito a ser feito, mas com investimentos adequados e boa política pedagógica é possível vencer os desafios impostos pela pandemia. Esse é o caminho.
— Daniel Cara - Educação e Ciência (@DanielCara) January 24, 2022
Mesmo alerta deve ser feito a órgãos de controle. É mister compreender o processo educacional de forma profunda antes de encaminhar recomendações. Sem o conhecimento técnico da área, o risco de recomendar algo incoerente é grande. O melhor caminho é sempre o diálogo, o bom senso e a percepção de estratégia dos gestores, que vivem a linha de frente.
Artigo de Opinião, por Rogério Morais.