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Como ter dois excelentes técnicos pode ser negativo? A CBF ensina

Terreno fértil para polêmicas pode tornar ciclo ainda mais conturbado do que o previsto

Diniz acumulará os comandos técnicos de Fluminense e Seleção Brasileira até junho de 2024. - Reprodução/CBF

O Brasil chegará aos Estados Unidos para a Copa de 2026 com um hiato de 24 anos sem título mundial, igualando o intervalo entre o Tri (1970) e o Tetra (1994) como o maior jejum da Seleção Brasileira. Esse dado, por si só, já traz um peso extra para este ciclo que iniciou após mais uma eliminação frustrante diante da Croácia, no Catar, em dezembro de 2022.

A CBF, por sua vez, parece não estar preocupada em colocar panos quentes e tentar amenizar os problemas. Muito pelo contrário. E tudo isso em prol do projeto ‘Carlo Ancelotti’.

Ter o italiano como treinador da Seleção é ótimo. Confesso que estou ansioso e otimista com o trabalho que deve ser iniciado na Copa América de 2024, que será realizada de 20 de junho a 14 de julho, nos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, se a necessidade de esperar e, consequentemente perder, um ano e meio de trabalho para tal já era fator suficiente para uma preocupação, o recente anúncio de Fernando Diniz para ocupar o cargo até a chegada do italiano, de forma simultânea ao projeto já em andamento no Fluminense, é a cereja de um bolo que pode amargar.

Primeiro, porque os estilos e filosofias de Fernando Diniz e Carlo Ancelotti são bem distintos, apesar do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, querer forçar alguma similaridade. 

Aqui, vou citar uma diferença de estilo básica e simples para ilustrar: enquanto Diniz valoriza a posse de bola focando um jogo mais apoiado e buscando criar e finalizar jogadas preferencialmente no mesmo setor, Ancelotti prioriza a superioridade numérica em um setor do campo, optando por atrair de um lado do campo para inverter o corredor, sem precisar ficar com a bola por muito tempo, imprimindo muita velocidade, principalmente em contra-ataques que costumam ser fatais.

Adicione-se a isto o fato de Diniz continuar sendo técnico do Fluminense, onde tem feito um trabalho muito elogiado. Não é um problema em si, até porque conciliar o comando técnico de clube e seleção não é uma novidade. 

A questão é as polêmicas que podem nascer disso:

- Diniz convocará mais jogadores do Fluminense para a Seleção? Ou evitará convoca-los para não os tirar de jogos decisivos, principalmente na fase de mata-mata da Libertadores?

- Diniz convocará jogadores dos rivais para desfalca-los em momentos importantes do campeonato? 

Quaisquer que sejam as atitudes do agora técnico da Seleção Brasileira, haverá pano para manga para críticas, desconfianças e teorias da conspiração. Caos. Tudo o que o Brasil NÃO precisava para o ciclo já conturbado.

Posso estar errado, mas... a gente ainda terá muita dor de cabeça com esta seleção.

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