LaLiga é conivente com o racismo, sim

Atacante brasileiro Vini Jr. é vítima, de novo, de racismo em rodada do campeonato espanhol.

Vini Jr. é alvo de cânticos racistas por parte da torcida do Valência. - Jose Jordan/AFP

Crimes seguem acontecendo à luz do dia e diante dos olhos de milhares de pessoas do mundo inteiro. Desta vez, a cena do crime foi o Estádio Mestalla, na cidade de Valência, uma cidade a cerca de 400km de Madri, na Espanha.

Durante a partida entre Valência e Real Madrid, pela 35ª rodada do Campeonato Espanhol, o atacante brasileiro Vini Jr. teve que ouvir, durante vários minutos, uma parte da torcida do Valência chamando-o de “macaco”. Eu sei que pode parecer notícia repetida, mas, inacreditavelmente, não é. 

No entanto, infelizmente, o absurdo não para por aí. O árbitro paralisou a partida por oito minutos, o sistema de som do estádio informou aos torcedores presentes que o jogo só recomeçaria quando os cânticos parassem, o atacante do Valência, Hugo Duro, agarra Vini Jr. por trás, de uma forma muito parecida com a de um mata-leão e, após alguns segundos, o brasileiro reage atingindo o espanhol no rosto e, pasmem... só Vini Jr. foi expulso. Mesmo com intervenção do VAR!

Esse episódio é uma metáfora (im)perfeita de como a LaLiga tem lidado com os diversos e repetidos episódios de racismo no campeonato espanhol. Só com notas de repúdio, que de nada servem.

Em entrevista após o jogo, o técnico do Real Madrid, Carlo Ancelotti, se recusou a falar sobre futebol e, pela primeira vez de forma contundente, falou sobre o episódio: “Quando boa parte do estádio grita ‘macaco’ com um jogador a ponto de o treinador pensar em tirá-lo do jogo por causa disso, há algo de errado”.

Através das redes sociais, o atacante brasileiro lembra que “não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é normal na LaLiga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito”, escreveu o atleta.

Há inúmeras medidas que poderiam ser tomadas. Na Inglaterra, por exemplo, qualquer pessoa identificada após um ato de discriminação, seja no estádio ou nas redes sociais, é banida dos estádios da Premier League.

Não é difícil identificar. Na verdade, é fácil. As milhares de câmeras que levam uma transmissão de altíssima qualidade para o mundo inteiro deixam essa parte do trabalho muito fácil.

Falta vontade. Atitude. Isso, a LaLiga já deixou claro que não tem.

A pergunte que fica é: até quando? 

Parafraseio aqui um ditado atribuído à cultura alemã: Se uma competição reúne milhares de pessoas, uma delas é racista e a competição não faz nada, a competição é racista!

Vini Jr. continuará bailando. Ele é forte, ele precisa ser forte, ele se acostumou a precisar ser forte desde cedo. Infelizmente.

Hoje, não há possibilidades de estar errado... a LaLiga é conivente com o racismo que tem se tornado ‘comum’ nas partidas do campeonato espanhol.
 

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